O ministro Luiz Fux: “Desse risco o Brasil não vai sofrer”| Foto: Fellipe Sampaio / STF

Repercussão

Maia diz que anular reformas é "insanidade"

Folhapress

O presidente da Câmara dos deputados, Marco Maia (PT-RS), considerou como uma "insanidade" a anulação da votação das reformas da previdência e tributária ocorrida no Congresso durante o período do primeiro mandato do governo Lula. A hipótese de anulação foi levantada na última semana pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello. "A princípio acho isso uma insanidade: retomar uma votação que aconteceu seis ou sete anos atrás com o impacto que isso teve num setor importante do Brasil, que é o da Previdência, a partir de uma análise que não me parece verdadeira", disse Maia. Uma anulação da votação das duas reformas ocorreria se houvesse um questionamento por meio de ação direta de inconstitucionalidade. Essa ação, segundo o deputado Ivan Valente (Psol-SP), deverá ser apresentada pelo partido no final do julgamento.

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Quatro ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) indicaram ontem que não consideram automaticamente inconstitucionais matérias aprovadas pelo Congresso durante o funcionamento do esquema do mensalão, como as reformas da Previdência e a tributária. Os ministros Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes, Luiz Fux e Rosa Weber sinalizaram que não apoiam a anulação direta das leis e defenderam a discussão do tema.

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Na semana passada, em seu voto, o ministro Celso de Mello considerou que essas leis poderiam ser invalidadas, pois houve compra de votos para aprová-las. O ministro Ricardo Lewandowski apontou que o tema é grave e precisa ser discutido pelo plenário. "A validade e a eficácia de uma lei não depende e nem pode depender de forma alguma aos motivos da sua formulação", disse Gilmar Mendes.

Barbosa afirmou que é preciso analisar caso a caso, pois as motivações dos legisladores não necessariamente invalidam a lei. "O fato de grupo ter motivação ilícita não se comunica com o produto Legislativo, ainda que decorra parcialmente dessa motivação espúria." Fux disse que já há jurisprudência na Corte de que essas leis não estariam necessariamente viciadas. "Desse risco [invalidade], o Brasil não vai sofrer."

Lewandowski afirmou que não estava antecipando sua avaliação, mas disse que a revogação de leis municipais é comum, quando comprovado que houve fraude na votação na Câmara Municipal da cidade e que isso também pode ocorrer com leis da União. O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, disse que esse é um assunto complexo e evitou entrar no debate.

Na sessão da semana passada, Celso de Mello praticamente adiantou que votaria pela anulação de leis que, graças ao esquema de compra de votos, foram aprovadas pelo Congresso. Isso só ocorreria se houvesse um questionamento por meio de ação direta de inconstitucionalidade, o que o deputado Ivan Valente (Psol-SP) avisou que fará ao fim do julgamento.