O que o senhor acha de a Assembléia intermediar o debate do pedágio? Toda e qualquer oportunidade que nós tenhamos para demonstrar que não se pode fazer uma comparação de valores das tarifas entre os dois modelos (estadual e federal), que são totalmente distintos, é bem vinda. No meu ponto de vista, o que inspirou a nova movimentação política foi o novo paradigma criado pelo programa federal de concessões.
O leilão das rodovias federais trouxe um novo paradigma também para as empresas, ou foi só uma ilusão de que é possível ter tarifas mais baixas no Paraná? Não se pode comparar um programa com o outro. São coisas totalmente distintas.
Mas é possível baixar a tarifa?Todo e qualquer contrato é passível de renegociação. Mas tem que se fazer a discussão econômicafinanceira e técnica adequada. É prematuro usar a comparação nominal de tarifas (entre os modelos federal e estadual) como parâmetro para a discussão. Se for para fazer nesse sentido, acaba-se politizando a discussão.
O governo tem falado em discutir a taxa interna de retorno. O que o senhor acha disso?Toda discussão da taxa de retorno, de tarifas, de serviço e obras tem que ser posta na mesa com os devidos cuidados. E não se esquecendo que temos um contrato. E que não é com um fato novo, de uma época nova, que um contrato pode se transformar em uma peça nula. Além disso, a taxa interna de retorno não significa lucro para a empresa e sim é o parâmetro que se estabelece para o equilíbrio econômico e financeiro do contrato. Tanto o poder público quanto a iniciativa privada precisam ter segurança e isso só existe se os contratos estiverem equilibrados.
Qual é a grande diferença entre os modelos de concessão estadual e o federal?Há dez anos tínhamos outra situação econômica (no país). Não havia um grau de confiança (de retorno do investimento). Essas estradas federais (leiloadas recentemente) também têm maior fluxo de veículos. E nos novos trechos foram feitos investimentos nos últimos anos. Essas rodovias estão em condições melhores do que as nossas quando as pegamos. Além disso, no Paraná somos responsáveis pela conservação de 308 quilômetros que não são pedagiados. Então há uma série de fatores que tornam possível uma tarifa mais baixa (nas estradas federais).
As negociações devem ser feitas empresa a empresa ou de maneira conjunta, pela ABCR?A ABCR acabou tendo que entrar na discussão política porque o governo sempre fez questão, pelo menos até o momento, de transformar o pedágio em item político-eleitoral. Mas essa fase que está se criando pode ser útil para se encaminhar essa discussão com boa vontade e boa fé.
A época de reajustes no pedágio, dezembro, está se aproximando. Como as empresas pretendem agir neste ano?Estamos cumprindo os contratos de concessão com maior rigor possível e, se assim não fosse, o governo já teria tido a oportunidade de pedir a caducidade do contrato. Consideramos que o contrato está em vigor e o reajuste deve ser feito dia 1.º de dezembro. Vamos aplicar os índices de reajustes, ainda não definidos.
Deixe sua opinião