O juiz Sergio Moro, responsável pelas ações da Justiça Federal relacionadas à Operação Lava Jato, afirmou nesta quinta-feira (23) que não existem motivos para a convocação da advogada Beatriz Catta Preta para depor na CPI da Petrobras.
A decisão foi uma resposta a um do requerimento feito em 8 de julho pelo deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), que solicitou a convocação da criminalista na comissão. O parlamentar exige explicações sobre a origem dos pagamentos de seus honorários por clientes que são réus na Operação.
Aliado de Cunha não descarta convocação da advogada que abandonou a Lava Jato
Mesmo com a decisão da advogada Beatriz Catta Preta em deixar a defesa de vários clientes na Operação Lava Jato, a defensora pode ser levada à CPI da Petrobras.
Leia a matéria completaNo despacho, Moro afirma que o requerimento parte de “uma especulação abstrata” por não haver “indícios concretos de origem criminosa dos recursos utilizados para o pagamento” de Catta Preta.
Ele ainda diz que há advogados em situação similar, como os defensores dos ex-diretores da estatal Renato Duque e Nestor Cerveró, réus na Lava Jato que também tiveram bens bloqueados pela Justiça Federal.
“Não se vislumbra motivo concreto para, entre tantos e tantos acusados e investigados em situação similar, ter sido selecionado pelo referido Deputado Federal exatamente a advogada Beatriz Catta Preta”, afirmou o juiz.
Por ser da primeira instância, Moro é o responsável por autorizar os pedidos da CPI para ouvir envolvidos na Lava Jato, sejam réus ou advogados. No entanto, antes de dar a decisão final, ele concedeu um prazo de cinco dias para o Ministério Público Federal e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se manifestarem sobre o requerimento.
Desligamento
Beatriz Catta Preta negociou nove delações premiadas firmadas na Lava Jato -– entre elas estão a do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e do ex-diretor Paulo Roberto Costa e de suas filhas e genros –, e está se “desligando das ações relacionadas às investigações do esquema de corrupção na Petrobras.
Na sexta-feira (17), o lobista Julio Camargo, que também teve o acordo de delação conduzido pela criminalista, trocou de advogado. Ele passou a ser assistido por Figueiredo Basto, defensor do doleiro Alberto Youssef.
A mudança aconteceu depois que Camargo alterou a versão do seu depoimento e informou que o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) recebeu US$ 5 milhões em propina. O deputado nega ter recebido o dinheiro.
Desde então, Catta Preta passou a sofrer pressão de aliados de Cunha, como o os requerimentos apresentados pelo deputado Pansera.