Movimentos contrários ao impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff preparam uma série de atos durante os Jogos Olímpicos do Rio. A ideia é aproveitar o momento de grande visibilidade internacional para denunciar o que eles classificam como golpe e também para reivindicar a “paternidade” do evento.
A Frente Brasil Popular, que capitaneou as principais manifestações em defesa da presidente afastada, é a principal articuladora dos atos com esse tom na cidade, ao lado da Frente Povo Sem Medo.
Ela é formada, entre outros movimentos, por partidos de esquerda, como PT e PCdoB, além de centrais sindicais como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Central dos Trabalhadores Brasileiros (CTB). O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) também integra a frente.
A chamada Frente Povo Sem Medo, que reúne movimentos estudantis, como a UNE e a União da Juventude Socialista (UJS), também encabeçará os protestos.
Os grupos pretendem instalar, a partir do próximo dia 1º de agosto, um acampamento no Aterro do Flamengo, zona sul da cidade.
A ideia é que as ações se assemelhem ao ocorrido durante a Rio+20, em 2012, quando foi realizada no Aterro a chamada “Cúpula dos Povos”.
Enquanto o evento oficial ocorria na Barra da Tijuca, ativistas de várias partes do mundo se encontravam no Aterro do Flamengo para debater questões climáticas e assuntos relacionados aos direitos humanos.
A diferença era que a Cúpula dos Povos integrava oficialmente a programação da conferência do clima na cidade. O acampamento dos movimentos contra o impeachment ainda não tem autorização.
Há certa dúvida entre integrantes da frente se o acampamento conseguirá ao menos ser erguido, embora sua criação tenha sido aprovada em assembleia ocorrida na última terça-feira (12).
Segundo Duda Quiroga, secretária de Comunicação da CUT-Rio, já há um pedido junto à prefeitura da cidade para que um espaço seja reservado no Aterro para o acampamento.
O Aterro fica na orla da baía de Guanabara, onde ocorrerão as competições de vela, cujo ponto de partida será a Marina da Glória, a poucos metros de onde o protesto está planejado para ocorrer.
Além da ocupação, há a previsão de uma marcha no dia 4, véspera da abertura dos Jogos, para o centro do Rio.
Caique Tibiriçá, coordenador da Frente Brasil Popular e representante do PCdoB na organização, explica que a ideia não é protestar contra a Olimpíada. Entre as pautas como “Fora Temer”, explicou, algumas correntes da frente defenderão a “paternidade” dos jogos Olímpicos, conseguidos quando Lula era presidente do país.
Tibiriçá disse que a Copa do Mundo, em 2014, foi um sucesso de organização e que não concorda com grupos que pretendem entoar na Olimpíada algo semelhante ao “não vai ter Copa”.
A versão do “Não Vai Ter Copa” será entoada nas ruas por movimentos simpáticos ao Comitê Popular da Copa e Olimpíada, que reúne pesquisadores de universidades federais e movimentos de moradores atingidos pelos grande eventos. São eles que têm discurso mais ativo contra os jogos.
O Comitê defende que os eventos não foram pensados para melhorar a vida da população mais pobre; pelo contrário, resultaram em remoções e aumento da repressão policial nas favelas.
Esse grupo planeja lançar, no próximo dia primeiro, o evento “Jogos da Exclusão”, com ações e protesto no entorno do Maracanã no dia da abertura.
Tibiriçá diz que as frentes e o comitê não farão atos juntos. “Quem conquistou a Olimpíada foi o Lula, o Orlando Silva [ministro dos Esportes à época da escolha do Rio para sede dos eventos]. A organização da Copa foi perfeita. Eu acho que não podemos cair em bobagem de protestar contra a Olimpíada. Existe um golpe e a imprensa estrangeira precisa ficar sabendo”, afirmou Tibiriçá.
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