O Ministério Público do Paraná (MP) denunciou à Justiça na segunda-feira (6), na quinta fase da Operação Publicano, 52 pessoas – sendo 8 auditores fiscais, 10 empresários, 1 contador, 3 advogados, 3 presos e 26 pessoas que atuariam como “laranjas” em empresas que teriam feito transações fictícias para gerar créditos de ICMS, que são abatidos dos impostos devidos. Segundo os promotores, o esquema de sonegação seria milionário, já que teria pagado R$ 3,2 milhões em propina, sendo R$ 2,2 milhões ao longo de 31 meses, até 2014 e mais R$ 1 milhão depois de maio do ano passado. Nos primeiros 18 meses, a propina era de R$ 50 mil mensais. Depois ela foi “reajustada” para R$ 100 mil mensais, até que fosse deflagrada a Operação Publicano.
Na denúncia protocolada na Justiça, o MP narra 42 crimes. Entre eles estão duas organizações criminosas e uma associação criminosa; 18 crimes de falsidade ideológica, 9 de lavagem de dinheiro antes da Operação Publicano e 5 depois; três crimes de extorsão, todos eles cometidos depois do começo das investigações.
Grupos
De acordo com a promotora Leila Schimiti, uma das organizações criminosas investigadas era liderada pelo empresário Aparecido Domingos dos Santos, de Quatiguá, onde é conhecido como “Dinho do Porco”. Ele teria organizado o esquema que envolvia algumas empresas do setor e incluiria o funcionamento de empresas “fantasmas” para fazer transações fictícias, gerando créditos de ICMS. Esse grupo pagaria propina a auditores para evitar fiscalizações e autuações por sonegação fiscal. Santos foi um dos presos nessa fase da Publicano.
O crime identificado como associação criminosa teria ocorrido quando o grupo de empresários se aproximou dos auditores fiscais investigados na Publicano para negociar o abrandamento da fiscalização mediante o pagamento de propina. “Auditores fizeram acordos para que essas empresas [algumas delas] fossem inseridas no regime especial de tributação”, relatou a promotora.
O outro grupo acusado de formar uma organização criminosa giraria em torno de Luiz Antônio de Souza, o principal delator da Operação Publicano. Conforme Leila Schimiti, Souza, de dentro da prisão, conseguiu extorquir em torno de R$ 1 milhão de Santos, para não citá-lo nas declarações, no âmbito da delação premiada. Na falta de liquidez da empresa, a extorsão teria sido paga em veículos – nove caminhões e uma camionete, que segundo os promotores já foram passados para outras pessoas que não são investigadas. Os caminhões estão em uma empresa de Ibiporã.
O promotor Jorge Costa afirmou que a propina foi cobrada por telefone, de dentro da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL), onde Souza está preso, “mediante grave ameaça”. Devido à cobrança de propina, o MP pediu a rescisão do contrato de delação de Souza (veja reportagem).
MP pede rescisão de contrato de delação premiada de Luiz Antônio de Souza
Ex-auditor é o principal delator de esquema de corrupção na Receita Estadual
Leia a matéria completaOutro lado
O advogado Eduardo Duarte Ferreira, que defende Souza, negou que seu cliente tenha cobrado propina. Ele afirmou que o dinheiro cobrado de Santos era fruto da prática de agiotagem, a qual ele já tinha comunicado ao Gaeco. Com relação a presos ligando para cobrar a dívida, ele afirmou que seu cliente foi extorquido dentro da cadeia para “ficar vivo” e disse que, como não tinha dinheiro, indicou “os créditos” que tinha a receber do empresário.
“Ele [Souza] não cobrou propina. O MP sabe que ele tinha cheque de empréstimo, de dinheiro que ele emprestou”, defendeu Duarte Ferreira. Segundo o advogado, foi o próprio Souza que denunciou a Suilondri, uma das empresas citadas. “Foi uma denúncia com fatos distorcidos”, reclamou.
O próprio Duarte Ferreira foi denunciado pelo MP como integrante da organização criminosa atribuída a Souza, o que ele também negou.
O advogado Fernando Mesquita, que defende Santos e que também foi denunciado pelo MP, não foi localizado pela Gazeta do Povo.
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Após críticas, Randolfe retira projeto para barrar avanço da direita no Senado em 2026
Lula não passa presidência para Alckmin e ministros assumem tratativas no Congresso; assista ao Entrelinhas
São Paulo aprova isenção de IPVA para carros híbridos; elétricos ficam de fora
Deixe sua opinião