O Ministério Público do Paraná (MP) apresentou à Justiça, na semana passada, uma denúncia contra o deputado Pastor Edson Praczyk (PRB) por manter uma funcionária fantasma em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) entre 2001 e 2005. Além de Praczyk, o assessor parlamentar Luiz Alberto de Lima, funcionários de carreira da Assembleia, também foi denunciado pelo MP. Além desse caso, o Ministério Público tem outra investigação contra Praczyk sobre supostos servidores fantasmas em seu gabinete, conforme mostrou a edição da quarta-feira (27) da Gazeta do Povo.
Deputado nega ter contratado servidores que não trabalham
- Da Redação
Em pronunciamento no plenário da Assembleia Legislativa do Paraná nesta quarta-feira (27), o deputado estadual Pastor Edson Praczyk (PRB) negou ter mantido funcionários fantasmas em seu gabinete. O pronunciamento foi uma reação à reportagem da RPC, veiculada na noite de terça-feira (26) no telejornal Paraná TV, que mostrava que o deputado é investigado pelo Ministério Público Estadual (MP) por contratar servidores que não trabalhavam entre 2001 e 2003, no primeiro de seus cinco mandatos.
De acordo com a investigação, uma funcionária seria responsável por gerir as contas bancárias dos supostos fantasmas. Esses servidores seriam pessoas ligadas a igrejas evangélicas – pastores, mulheres de pastores e obreiros da Igreja Universal, da qual Praczyk é pastor.
Da tribuna, Praczyk disse que a servidora que teria dado procuração para que outra pessoa gerisse a conta era recepcionista em seu gabinete. “Apaixonou-se por um pastor, casou-se com ele”, disse Praczyk. Depois disso, teria se mudado para outra cidade, mas continuou ligada ao gabinete, como agente política no interior do estado.
O deputado disse também que fez questão de chamar pessoas de sua confiança para os cargos em comissão. “São cargos em confiança, por isso chamei pessoas da minha mais extrema confiança, pessoas da minha igreja”, disse ele.
Praczyk também criticou jornalistas da RPC.
Conselho de Ética
À RPC o corregedor da Assembleia, deputado Missionário Arruda (PSC), disse que o Conselho de Ética da Casa só vai abrir uma investigação contra Praczyk se for oficialmente provocado. Já o presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), também em entrevista à RPC, sugeriu a possibilidade de Praczy sair da presidência do Conselho de Ética da Casa. Praczyk disse que só sai se os deputados pedirem.
De acordo com a denúncia, Lima se aproximou de uma vizinha, a dona de casa Rosemary de Amorin, que fazia reuniões periódicas de orações em sua casa. Como ela estava passando por dificuldades financeiras, o assessor pediu os documentos dela, para que fossem benzidos.
“Participando das atividades religiosas, Luiz ganhou a confiança de Rosemary e a pretexto de ‘abençoá-la’ pediu os documentos da referida senhora. Movida pela fé e em uma situação financeira difícil, Rosemary franqueou a Luiz seus documentos pessoas acreditando que receberia ‘alguma ajuda’”, diz um trecho da denúncia. “De posse dos documentos, Luiz Alberto os levou ao deputado Edson Praczyk, cujo cargo permitia nomear assessores e garantir disponibilidade jurídica de dinheiro público para remunerá-los”, diz o MP.
Segundo o MP, ela não recebia o salário e o dinheiro ficava com o assessor de Praczyk. “Senhora Rosemary não tinha qualquer ciência do que ocorria, declarando que nunca prestou serviço em favor do mencionado político”, diz o MP.
O total desviado para as contas de Lima foi de R$ 34 mil, divididos do seguinte modo: entre 2001 e 2002 foram 11 pagamentos de R$ 1,2 mil; em maio de 2004 o valor foi de R$ 1.050; entre julho e setembro do mesmo ano foram R$ 2,8 mil mensais. Em 2005, a Alep pagou R$ 2.852 entre fevereiro e abril e mais R$ 2.838 em maio.
“Por recebimento das remunerações que seriam pagas a Rosemary, Pastor Edson e Luiz Alberto indicaram ao setor de folha de pagamento da Assembleia as contas de Luiz Alberto”, diz a denúncia do MP.
De acordo com o Ministério Público do Paraná, o deputado Edson Praczyc também é investigado por manter funcionários fantasmas em seu gabinete em outro procedimento em tramitação. O MP não deu detalhes sobre a investigação.
Outro lado
Procurado pela reportagem, Praczyk disse apenas que não tinha conhecimento da denúncia do MP. Já o assessor parlamentar Luiz Alberto de Lima, que atualmente trabalha no gabinete da deputada Cláudia Pereira (PSC), foi procurado. Mas a assessoria do gabinete da deputada não deu retorno aos pedidos de entrevista da reportagem.
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