O Ministério Público de São Paulo vai investigar cada uma das mortes ocorridas desde sexta-feira passada em confrontos entre suspeitos e policiais. A afirmação é do promotor Carlos Cardoso, assessor da procuradoria-geral na área de direitos humanos. Segundo ele, serão analisadas todas as provas técnicas colhidas no Instituto Médico Legal , depoimentos de familiares e, se necessário, será feita reconstituição das ações policiais.
- O número de mortes é exagerado e é um recorde para a polícia paulista, que já tem alta taxa de letalidade em suas ações. Chega a ser mais grave do que os 111 do Carandiru , pois aquela foi uma ação concentrada num único local. Agora, as mortes ocorreram em toda a cidade, espalhadas por todo o canto - diz Cardoso.
Cardoso afirmou que o fato de os corpos serem enterrados sem identificação não deverá atrapalhar o trabalho da promotoria se a Secretaria de Segurança Pública tiver feito, como informou ao MP, todos os passos necessários, como fotografar os cadáveres e tirar as impressões digitais. O exame necroscópico, que informa o número de tiros e a posição do corpo no momento do disparo, deverá ser analisado.
- Com ele é possível saber se a pessoa foi executada com vários tiros, nas costas ou na nuca, por exemplo. Outro indício é quando o tiro é dado de cima para baixo. Mas se houver necessidade, pediremos exumação.
O promotor afirmou que não são apenas as mortes de suspeitos a serem investigadas. Também os assassinatos dos policiais, civis ou militares, serão apurados pelo Ministério Público.
O Ministério Público manifestou preocupação com o número de mortes - 107 suspeitos até o último levantamento da Secretaria de Segurança Pública, feito na noite de quinta-feira.
- Há preocupação que possa ser constituída por inocentes. Sabemos que setores da polícia agem fora da lei. Algumas mortes podem ser produto de pura vingança - disse.
Para Cardoso, o governo do estado perdeu o controle sobre o crime organizado e, agora, demonstra que também perdeu o controle sobre a polícia.
- Isso não pode acontecer. O Estado perde a legitimidade. Fica barbárie contra barbárie - explicou.
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