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Segundo o procurador Deltan Dallagnol, as acusações envolvem crimes de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e corrupção ativa e passiva. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Segundo o procurador Deltan Dallagnol, as acusações envolvem crimes de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e corrupção ativa e passiva.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O Ministério Público Federal (MPF) apresentou nesta segunda-feira (14) denúncia contra o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, e outras dez pessoas, acusadas de envolvimento no esquema de contratação da Schahin Engenharia para operar o navio-sonda Vitoria 10.000 pela Petrobras. Se a denúncia for aceita pela Justiça, Bumlai se tornará réu da Operação Lava Jato.

Veja a lista de denunciados com suas respectivas imputações

Requerimento do MPF solicita investigação da ligação de Bumlai com Lula

Conforme os procuradores da Lava Jato, ainda correm investigações que apontariam para o envolvimento do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, do ex-ministro José Dirceu, do ex-presidente do Banco Schahin Carlos Eduardo Schahin, e do ex-gerente da Petrobras Luis Moreira no esquema envolvendo o empréstimo de Bumlai para o PT.

No requerimento da denúncia, o MPF pede ainda para investigar a utilização do nome do ex-presidente Lula por Bumlai, para obter vantagens. Segundo os procuradores, o pecuarista declarou que não possui intimidade com o ex-presidente, mas, em buscas, foram encontradas evidências da participação de Bumlai em eventos oficiais com o petista em Angola.

Os procuradores destacam ainda o envolvimento do filho do pecuarista, Maurício de Barros Bumlai, com o PT. Ele teria sido filiado ao partido até dezembro de 2014, “contradizendo a versão apresentada por Bumlai em depoimento no sentido de que ninguém de sua família manteve qualquer relação com o Partido dos Trabalhadores”, ressalta a denúncia.

Os ex-diretores da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e Jorge Zelada, e o ex-gerente da estatal Eduardo Musa, além do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o operador Fernando Soares, conhecido como Baiano, também foram denunciados. As acusações envolvem crimes de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e corrupção ativa e passiva.

Na lista de denunciados, constam ainda os irmãos Salim e Milton Taufic Schahin e Fernando Schahin, filho de Milton, todos ligados ao grupo Schahin. Três parentes do pecuarista também estão na lista do MPF: seu filho, Mauricio de Barros Bumlai, e nora, Cristiane Barbosa Dodero Bumlai.

Denúncia

Não se sabe onde os navios-sondas estão

O representante da Receita Federal na Lava Jato, Roberto Leonel, revelou que o grupo Schahin conseguiu retirar do país dois navios-sondas – Sertão e Cerrado –, que pertencem a um grupo de bancos financiadores, com contratos de afretamento com a Petrobras. Os navios, avaliados em US$ 200 milhões, estavam sob bloqueio judicial para garantir o ressarcimento de valores. Porém, advogados que representam offshores da Schahin conseguiram, na Justiça de São Paulo, a reintegração de posse das sondas. Com isso, os navios foram retirados do país, em outubro. Conforme detalhou Leonel, duas linhas de investigação foram abertas. “Uma sobre a aduana, já que não havia autorização para a saída das sondas do país; e outra fiscal, pois a mudança de local pode ser uma forma de dificultar o pagamento da medida cautelar fiscal.” Leonel acrescenta que os navios tiveram seus satélites de comunicação desligados para dificultar a identificação do trajeto e destino final. “Ainda não sabemos onde os navios foram parar.” (KB)

Segundo a denúncia, em 2004, Bumlai contraiu um empréstimo de R$ 12 milhões do Banco Schahin, e o valor foi transferido a pessoas ligadas ao PT. Em 2005, para quitar o débito, o pecuarista obteve um segundo empréstimo no valor de R$ 18 milhões, em nome da empresa desativada Agro Caieiras, pertencente à família Bumlai. A dívida nunca foi paga, aponta o MPF.

Com o interesse da Schahin em operar o navio-sonda Vitoria 10.000 pela Petrobras, Salim procurou João Vaccari Neto para conseguir apoio político para viabilizar a contratação. Em outra frente, Bumlai procurou Fernando Baiano, para conseguir apoio da Área Internacional da estatal na contratação da Schahin. O negócio chegou a ser rejeitado por três vezes. “Não foi feita tomada de preço para fazer o contrato, com a justificativa de que o grupo possuía ‘excelência’ na operação, o que a própria Petrobras apontou como falsa”, disse o procurador Deltan Dallagnol.

Depois de dois anos de negociação, a Petrobras e a Schahin assinaram contrato no valor de R$ 1,6 bilhão para a operação do navio-sonda. Com isso, a Schahin quitou o débito de Bumlai, que, com os juros acumulados, já somava R$ 49 milhões. Para simular o pagamento da dívida, Bumlai dissimulou a venda de embriões a fazendas de propriedade da família Schahin.

Por fim, a Schachin teria pago, por meio de offshores no exterior, US$ 1 milhão ao ex-gerente Eduardo Musa, para viabilizar o negócio com a Petrobras.

Veja a lista de denunciados com suas respectivas imputações:

1. José Carlos Bumlai (empresário pecuarista) – corrupção passiva, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro

2. Nestor Cerveró (ex-diretor da Petrobras) – corrupção passiva

3. Jorge Zelada (ex-diretor da Petrobras) – corrupção passiva

4. Eduardo Musa (ex-gerente da Petrobras) – corrupção passiva

5. Fernando Soares, o Fernando Baiano (operador) – corrupção passiva

6. João Vaccari Neto (ex-tesoureiro do PT) – corrupção passiva

7. Milton Taufi Schahin (Grupo Schahin) – corrupção ativa e gestão fraudulenta

8. Fernando Schahin (Grupo Schahin) – corrupção ativa

9. Salim Taufic Schahin (Grupo Schahin) – corrupção ativa, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro

10. Maurício de Barros Bumlai (filho de José Carlos Bumlai) – corrupção passiva, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro

11. Cristiane Barbosa Dodero Bumlai – corrupção passiva, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro

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