Quinze pessoas foram denunciadas na Lava Jato, entre elas nove executivos e o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, por corrupção e lavagem de dinheiro no contrato para construção do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro.
Segundo o Ministério Público Federal, que apresentou a denúncia à Justiça nesta terça-feira, o contrato, firmado em janeiro de 2008, tinha valor previsto de R$ 850 milhões, mas o custo superou R$ 1 bilhão.
A obra foi feita pelo Consórcio Novo Cenpes, formado pelas empresas OAS, Carioca Engenharia, Schahin, Construbrase e Construcap. Juntas elas pagaram mais de R$ 20 milhões em propinas para funcionários da Petrobras e representantes do PT. Os nove sócios ou executivos destas empresas denunciados são: Roberto Ribeiro Capobianco, Ricardo Pernambuco Backheuser Júnior, Ricardo Backheuser Pernambuco, José Antônio Marsílio Schwarz, José Aldemário Pinheiro Filho (Léo Pinheiro), Genésio Schiavinato Júnior, Erasto Messias da Silva Júnior, Edison Freire Coutinho e Agenor Franklin Magalhães Medeiros.
Esta é a segunda denúncia contra Paulo Ferreira, que havia sido alvo da Operação Custo Brasil, acusado de participar de um esquema de pagamento de propina ligado ao Ministério do Planejamento.
O MPF também denunciou ainda quatro operadores de propina - Adir Assad, Rodrigo Morales e Roberto Trombeta e Alexandre Romano, que atuaram como operadores de propina – e o ex-diretor de Serviços da Petrobras, já condenado na Lava Jato. Romano é um dos delatores da Lava Jato.
Segundo o procurador Roberson Pozzobon, 11 dos 15 denunciados são acusados pela primeira vez na Lava-Jato. Duas construtoras, que já haviam sido apontadas como participantes eventuais do cartel que agia na Petrobras, também foram denunciadas pela primeira vez, Construcap e Construbase.
Em nota, o MPF afirmou que chama a atenção a presença de mais um tesoureiro do PT no esquema da Petrobras. “Numa engrenagem criminosa cujo eixo é a corrupção e na qual se envolvem empresários, operadores financeiros, agentes públicos e políticos, chama atenção a intensa participação de tesoureiros partidários. Paulo Ferreira, ex-tesoureiro do PT entre 2005 e 2010, foi antecedido no cargo por Delúbio Soares e sucedido por João Vaccari Neto. O primeiro foi condenado no mensalão e o último já condenado na Lava Jato”.
No total foram identificados 19 contratos ideologicamente falsos, que justificaram pagamentos indevidos de R$ 7,5 milhões. Ferreira também indicou como beneficiários de depósitos de propina uma empresa e 13 pessoas físicas, que juntas receberam cerca de R$ 300 mil. Foram ainda identificados pagamentos em contas na Suíça, totalizando US$ 711 mil.
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