O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça que o Conselho Regional de Medicina (CRM) de São Paulo casse o registro dos psiquiatras Luis Altenfelder da Silva Filho e Carolina de Mello Santos. Eles são acusados de fraude médica para ajudar a promotora Deborah Guerner, investigada no escândalo do "mensalão do DEM" em Brasília, a simular um transtorno mental. O jornal O Estado de S. Paulo revelou nesta quarta-feira(27), com exclusividade, as imagens e os diálogos que comprovam a farsa que levou Deborah e seu marido, o empresário Jorge Guerner à prisão desde o último dia 20.
Agora, os investigadores querem a punição dos médicos. Em denúncia à Justiça, o Ministério Público diz que o CRM-SP deve "cassar em definitivo a permissão para exercer a medicina, eis que as condutas inseridas nesta denúncia são totalmente incompatíveis com o bom exercício da medicina".
O conselho abriu sindicância para apurar o caso. O MP Federal pede que, enquanto não forem cassados, os dois sejam afastados do exercício da medicina após serem denunciados por formação de quadrilha, fraude processual, uso de documento falso e falsidade ideológica.
Os documentos revelados comprovam, segundo o Ministério Público, a farsa montada pela promotora para atrapalhar as investigações de um dos maiores esquemas de corrupção já revelados. Ela é suspeita de cobrar propina e vender informações. As gravações são do circuito interno da casa de Deborah e foram apreendidas pela Justiça.
O material revela encontros entre Luis Altenfelder e o casal Guerner em que ele orienta a promotora a simular uma doença mental para enganar peritos judiciais. O médico explica, por exemplo, como ela deve dizer aos peritos para falar que, por causa dos transtornos, passou a ter "medos inexplicáveis". "Não conseguia andar mais de avião e permanecer num local que me desse a sensação de ficar presa, como elevador, secador de cabelo de cabeleireiro", ensina o médico. "Sensação de prisão?", Deborah pergunta. "Sensação de claustrofobia", responde Altenfelder. "Põe secador de cabelo, de cabeleireiro porque você fica presa naquele negócio lá e não pode levantar", acrescenta o psiquiatra.
O advogado de Deborah, Pedro Paulo Guerra de Medeiros, nega que sua cliente esteja fraudando laudos médicos. O médico Luis Altenfelder diz que nunca ajudou a promotora a simular um problema mental. Alega que apenas usou técnicas de "psicodrama". A reportagem telefonou para a psiquiatra Carolina de Mello dos Santos. Uma amiga atendeu a ligação e disse que ela estava ao lado, mas que não poderia falar naquele momento. Anotou o recado e afirmou que a médica retornaria, o que não ocorreu até o fechamento da edição.
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