Atualizado em 17/04/2006 às 19h37
Os sem-terra decidiram intensificar as ocupações para lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás, que completa dez anos nesta segunda-feira . Integrantes do MST fecharam oito rodovias em Pernambuco, em protesto contra a impunidade pelos responsáveis do massacre que resultou na morte de 19 sem-terra. Na ocasião, 3 mil militantes do movimento fecharam a PA-150, para exigir desapropriação do engenho Macaxeira, que segundo o MST era improdutivo. Numa rodovia os trabalhadores bloquearam o trânsito com montes de cana e depois atearam fogo.
Em entrevista à TV Globo, o coronel acusado de comandar a operação, Mário Pantoja, se disse inocente .
Foram fechadas nesta segunda-feira a BR-232, a BR-104, a BR-101,em cinco trechos na Zona da Mata e no Agreste. A Polícia Rodoviária Federal está tentando caminhos alternativos para não paralisar o trânsito nas rodovias.
O bloqueio à BR-408, na altura do município de São Lourenço da Mata, terminou com o saque a dois caminhões carregados de massa que trafegavam na rodovia. Os motoristas foram obrigados a entrar em estrada vicinal, onde os sem-terra saquearam todo o macarrão e biscoitos que os veículos transportavam.
O coordenador do MST, Jaime Amorim, afirmou que os saques foram "um gesto simbólico" contra a morosidade na execução da reforma agrária no país, que segundo ele obriga os lavradores a viverem em situação de miséria e fome.
Na Bahia, cerca de dois mil sem-terra escolheram o Fórum Ruy Barbosa, no centro de Salvador, como palco de uma manifestação para exigir o julgamento e a punição dos responsáveis pelo massacre de Carajás. O grupo chegou a Salvador no domingo, depois de percorrer cerca de 110 quilômetros entre o município de Feira de Santana e Salvador, pela BR-324. Eles montaram um acampamento improvisado na estação do metrô na Rótula do Abacaxi, no acesso norte da cidade.
Um outro grupo ligado ao MST invadiu na madrugada de domingo uma fazenda da empresa Suzano Papel e Celulose, na cidade de Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia. Segundo líderes do movimento, a ocupação objetiva cobrar o aumento do crédito para a reforma agrária, a desapropriação da área pertencente a Suzano e a remarcação do julgamento dos policiais acusados de participar do massacre no Pará.
Parte da propriedade está ocupada com a plantação de eucalipto. Os sem-terra, no entanto, arrancaram mudas com cerca de 10 centímetros de altura para dar lugar aos seus barracos, numa demonstração de que pretendem permanecer na área por tempo indeterminado.
Em Belém, integrantes do MST organizaram uma marcha até a sede do governo do estado. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, desde o massacre mais 131 trabalhadores rurais foram assassinados no Pará.
No pontal do Paranapanema o MST invadiu dez fazendas em seis municípios. Segundo o movimento, as ocupações são um protesto também contra a demora na reforma agrária na região.
Em Minas, 60 famílias ligadas ao MST ocuparam nesta madrugada a fazenda Bom Sucesso, localizada no município de Capitão Enéas, região norte de Minas Gerais. Outras 78 famílias ocuparam a Fazenda Vereda São João, no município de Coração de Jesus, também no norte do estado.
As duas fazendas foram vistoriadas recentemente e o laudo dos peritos do Incra atesta a improdutividade das terras. O processo segue agora para análise do governo federal, que pode decretar a improdutividade, designando as terras para desapropriação. A ocupação não impede o andamento do processo, porque as vistorias já haviam sido concluídas, segundo o MST.
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