Na convenção nacional do PT, em que foi formalizada a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República, realizada neste domingo (13) em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que falou pouco antes de Dilma, levantou a bola da candidata. Disse que ela já estava com cara de presidente e descartou a estratégia de tentar transformar a própria popularidade em votos para Dilma. Lula ressaltou que esta será a primeira eleição desde a redemocratização que não será candidato mas que o nome dele estará na cédula de votação como Dilma. "Vai ficar um vazio nessa cédula e para que esse vazio seja preenchido eu mudei de nome e vou colocar Dilma lá na cédula", afirmou o presidente. O jingle que tocava no auditório, seguia o mesmo tom. "Lula tá com ela, eu também tô, veja como o Brasil já mudou".
Lula e o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, dirigiram críticas aos adversários. Sem citar o nome de José Serra, candidato do PSDB a presidente, Lula pediu que a oposição faça uma campanha de alto nível. "E não façam jogo rasteiro inventando dossiê todo dia", disse, fazendo referência a reportagens recentes que revelaram que integrantes da campanha do PT estariam investigando ilegalmente integrantes da cúpula do PSDB.
Ao se dirigir a Temer e Dilma, Lula pediu "tranquilidade" porque "o bicho vai pegar" nos próximos três meses que antecedem à eleição. "Tenho certeza que muita gente que aparece com cara de anjo na TV faz o que fez comigo em 2006", disse o presidente, em alusão ao episódio dos aloprados.
Dutra rebateu afirmação feita ontem por Serra, em Salvador, ao lançar sua candidatura, quando afirmou que com o governo tucano "o povo brasileiro não teria surpresas". Dutra respondeu: "Realmente o povo brasileiro não teria surpresas porque já conhece o fracasso do governo que ele participou". O presidente do PT afirmou ainda que "o governo que ele (Serra) participou provocou um apagão de 11 meses no Brasil".
Mulheres - A maioria dos cerca de 1,5 mil convidados era mulher na Convenção Nacional do PT. A organização da campanha distribuiu centenas de bandeiras roxas com a inscrição "A vez e a voz das mulheres" para os militantes empunharem. A mestre de cerimônias dava as palavras de ordem, e todas repetiam: "Brasil, Brasil é das trabalhadoras". "Vocês estão demonstrando que 100 mulheres são capazes de fazer mais barulho que mil homens", observou Lula às mulheres ao pegar o microfone.
O Hino Nacional foi cantado pelo grupo Samba de Rainha, formado só por mulheres, e a cantora Virgínia Rodrigues. Ao final da apresentação, Virgínia fez uma narração de um vídeo que mostrava o nome de mulheres idolatradas no Brasil, como Anita Garibaldi, Princesa Isabel, Chiquinha Gonzaga, Pagu e Clarice Lispector. Maria da Penha, que inspirou a criação da lei de combate à violência doméstica, acompanhou Dilma Rousseff no palco.
Discurso - Na sua vez de falar, Dilma Rousseff leu o discurso preparado pela assessoria da campanha na íntegra, e não ousou improvisar. Antes de iniciar um novo tópico, Dilma abusou do slogan "Para o Brasil seguir mudando" e não poupou elogios aos êxitos do governo Lula do qual ela participou como ministra da Casa Civil.
A candidata falou da importância dos investimentos em educação, saúde, inclusão digital e segurança. Como promessa de campanha, disse que vai erradicar a miséria nos próximos anos. "Vamos transitar de país emergente para país desenvolvido no qual a população desfruta de serviços públicos adequados, educação de qualidade e bons empregos. Esta é a missão que o PT e os partidos aliados colocam em minhas mãos".
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