A quebra de sigilo fiscal de Adriana Ancelmo revela que a ex-primeira dama aumentou seu patrimônio em dez vezes desde 2007, quando Sérgio Cabral tomou posse no governo estadual do Rio. O salto foi de R$ 2,078 milhões, em 2007, para R$ 21,7 milhões, no ano passado. As informações constam num relatório da Receita Federal, juntado aos documentos da Operação Calicute, que levou quinta-feira (17) à prisão e ex-governador. Ele deixou o governo em março de 2014, após enfrentar desgaste político e acusações de corrupção nas manifestações do ano anterior.
No informe aos procuradores da Lava Jato, a Receita Federal classifica como “pujantes” as movimentações financeiras de Ancelmo, mas não verifica incompatibilidade entre os rendimentos declarados. O documento informa que a maior parte dos valores declarados pela ex-primeira dama são provenientes de lucros do seu escritório de advocacia, o Ancelmo Advogados, contratado por empresas que foram contempladas por Cabral com benefícios fiscais. Os procuradores suspeitam que Ancelmo tenha recebido pagamentos das empresas sem ter prestado serviço algum.
Propina pagou de vestidos para a primeira-dama a cachorro-quente de festa do filho de Cabral
Leia a matéria completaA Lava Jato investiga uma conexão entre os bilionários incentivos concedidos pelo ex-governador — cerca de R$ 140 bilhões em renúncia entre 2008 e 2013 — e contratos com o escritório de sua mulher. As empresas Telemar, CSN, Light, Reginaves, Metrô, Brasken e Unimed, entre outras favorecidas pelos benefícios, figuram na lista de clientes da ex-primeira-dama. Entre os contratos avaliados pela força-tarefa, dois deles — Reginaves, no valor de R$ 1,1 milhão, e Hotel Portobello, de R$ 844 mil — dizem respeito a empresas diretamente envolvidas em operações suspeitas com o grupo investigado.
Compra de apartamento em Ipanema e obras de arte
Entre 2012 e 2014, a ex-primeira dama comprou dois apartamentos em Ipanema, bairro cujo metro quadrado está entre os mais valorizados do Rio. Somados, os gastos com a aquisição dos imóveis chegam a R$ 6,9 milhões. A receita encontrou inconsistências numa transação imobiliária de Ancelmo feita em 2014 na compra do apartamento na Rua Prudente de Morais. A investigação identificou que ela adquiriu o imóvel por R$ 3,3 milhões. Porém, o valor declarado foi de R$ 4,6 milhões.
O relatório também informa que, no ano passado, a mulher de Cabral adquiriu por R$ 400 mil um quadro da artista Adriana Varejão e outras duas telas por R$ 150 mil. Em dezembro, consta na declaração da ex-primeira dama a aquisição por R$ 2 milhões da casa de Cabral de Mangaratiba.
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