Uma investigação do "Fantástico" faz novas descobertas sobre o envolvimento da família do ex-governador e ex-prefeito Paulo Maluf num esquema de lavagem de dinheiro no exterior. Além de Paulo e Flávio, Sylvia Maluf também vai ter de se explicar à Justiça.
Sylvia Lutfalla Maluf, ou Silvia Maloufi Lutfalla, ou, ainda, Silvia Maloufi, a mulher de Paulo Maluf. Pelo menos, estes são os nomes com que ela assina o cartão de abertura de uma conta, em Paris, no banco francês Crédit Industriel d'Alsace Lorraine (Cial), em 29 de janeiro de 2001.
Documentos a que o "Fantástico" teve acesso com exclusividade foram decisivos para que o Ministério Público Federal oferecesse denúncia contra Sylvia Maluf. O procurador da República Pedro Barbosa Pereira Neto encaminhou o pedido à Justiça em maio deste ano. A denúncia foi aceita e, pela primeira vez, Sylvia Maluf passa a responder, assim como seu marido, Paulo Maluf, e seu filho, Flávio Maluf, por crime de lavagem de dinheiro.
Em 26 de julho deste ano, a juíza Silvia Maria Rocha determinou que a mulher de Maluf entregasse seu passaporte à Segunda Vara Criminal Federal de São Paulo e, desde então, dona Silvia não pode deixar o país.
A prova mais forte de que Silvia Maluf está envolvida no esquema de lavagem de dinheiro, é um relatório do governo francês: em 2001, a mulher de Maluf abriu uma conta no banco Crédit Industriel d'Alsace Lorraine.
O saldo de 106.150,33 euros dessa conta também foi bloqueado pelas autoridades francesas em 2003 por suspeita de lavagem de dinheiro.
Entre os documentos, há também a prova de que ela tirou dinheiro da conta várias vezes: em janeiro de 2001, saques de 700 mil francos e, em dezembro de 2002, uma retirada em dinheiro de 50 mil euros e outra, em maio, de 20 mil euros.
"De acordo com as investigações, ela não declarou esses valores no momento oportuno ao Fisco", diz o promotor do Ministério Público de São Paulo, Silvio Marques.
Nos extratos, estão registrados depósitos provenientes de um paraíso fiscal: Luxemburgo. Esta conta, segundo os documentos do governo francês, pertenceria, à própria Silvia Maluf.
Um documento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras do Brasil (Coaf), mostra que a unidade de inteligência financeira de Luxemburgo já solicitou ao governo brasileiro informações sobre Sylvia Lutfalla Maluf. O promotor Sílvio Marques confirma que já existem valores bloqueados em Luxemburgo também.
"O fato é que existem valores bloqueados na Suíça e em Luxemburgo, e o Ministério Público depende ainda da colaboração de Luxemburgo para receber a documentação relativa a essa conta existente lá", diz o promotor.
A família Maluf responde por crimes em dois processos criminais e um na área civil.
"Na área civil, todos os bens dela foram bloqueados por ordem da Justiça Estadual, numa ação proposta pela promotoria no ano passado. Nós pedimos a devolução de todo esse dinheiro encontrado no exterior e também dos bens que ela possui no Brasil para ressarcir os cofres públicos de São Paulo", informa o promotor.
No processo criminal, Sylvia Maluf será interrogada ainda este ano. Como ela responde à denuncia de lavagem de dinheiro, se for condenada, pode pegar de três a dez anos de prisão.
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