A eleição para a presidência da Câmara de Curitiba, que será nesta terça-feira (16), promete ser uma das mais quentes da história. Já na véspera, um dos lados tentou apelar para o "vale tudo": o vereador Valdemir Soares (PRB) arrancou um requerimento de formação de bloco das mãos do adversário Aílton Araújo (PSC) e rasgou, para tentar evitar que ele fosse protocolado a tempo. O requerimento acabou sendo entregue exatamente às 18h, colado com um durex. Soares nega que tenha rasgado o documento, e afirma que o sistema recebeu o documento apenas às 18h10 logo, fora do prazo. No sistema da Câmara, o requerimento aparece como enviado às 18h e recebido às 18h10.
O papel rasgado surgiu da disputa entre os dois grupos no final da tarde dessa segunda-feira (15). Pelo regimento, quem tiver o maior bloco parlamentar tem o direito de indicar o presidente da Câmara. A assinatura da vereadora Noêmia Rocha (PMDB) poderia decidir a disputa. Vários vereadores afirmam que enquanto os dois lados estavam no gabinete da peemedebista, tentando convencê-la, Soares conseguiu pegar o documento com as assinaturas dos adversários e rasgá-lo.
"Esse é o nível do indivíduo e do grupo que quer presidir a Câmara", disse no fim da tarde Aílton Araújo (PSC), candidato a presidente pelo agrupamento mais próximo a Fruet. Soares nega ter rasgado o documento. "Eles próprios rasgaram depois verem que não iam conseguir o número de assinaturas", afirma. Apesar de Valdemir Soares negar que tenha rasgado os papeis, a informação foi confirmada por quatro vereadores que presenciaram a cena.
A Câmara tem 38 vereadores, no entanto sabia-se que quem conseguisse um bloco com 17 nomes teria a presidência, já que seis vereadores pertenciam a outros blocos menores e, pelo regimento, não poderiam mudar para qualquer um dos dois lados.
O documento do grupo de Aílton Araújo foi protocolado com uma fita adesiva juntando as duas partes bem perto de 18 horas, prazo máximo para o registro dos blocos. Mesmo o protocolo foi tumultuado. Alegando que já havia se encerrado o horário legal, o grupo dissidente desligou os equipamentos do protocolo. O documento aceito pela Câmara conta com assinaturas dos líderes de PSC, PV, PT, Pros, PPS e PMDB. Também tinha a assinatura de Cacá Pereira, líder do PSDC.
Outra polêmica
No entanto, o grupo de "dissidentes", liderado por Soares e por Zé Maria (SD), acredita que o PSDC está a seu lado, já que conseguiu a assinatura do outro vereador do partido, Chicarelli. Segundo Soares, o diretório estadual do PSDC destituiu Cacá Pereira da liderança e repassou a função para Chicarelli. Às 20h desta segunda, entretanto, o partido constava como inativo no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Com mais esse partido, o grupo dissidente chegaria a 16 assinaturas, deixando os adversários com 15. Além do PSDC, estão no bloco PDT, PRB, PSL, PSDB, SD, PSB e PP.
Caso o bloco da situação ganhe, deverá colocar Aílton Araújo na presidência, Pedro Paulo como primeiro-secretário e Paulo Rink (PPS) como segundo-secretário. Do outro lado, os cargos devem ficar com Valdemir Soares, Tito Zeglin (PDT) e Zé Maria (SD), mas não se sabe quem ficará em cada posto.
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