MP denuncia Cerveró e mais três à Justiça Federal
O lobista Fernando Soares, o Baiano, e o ex-diretor Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, foram denunciados na noite deste domingo pelo Ministério Público Federal (MPF) por suposta participação em esquema de pagamento de propinas dentro da estatal. Segundo a denúncia, os dois teriam intermediado o pagamento de US$ 40 milhões em vantagens indevidas para agentes públicos. A denúncia foi baseada em informações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF).
Além de Baiano e Cerveró, também foram denunciados o executivo da Toyo Setal Julio Camargo e o doleiro Alberto Youssef. Os dois assinaram acordo de delação premiada com o MPF.
O juiz federal Sérgio Moro acatou no fim da tarde desta segunda-feira (15) mais uma denúncia envolvendo os executivos presos na 7ª fase da Operação Lava Jato. Desta vez, viraram réus os executivos da Galvão Engenharia, Erton Medeiros Fonseca, Jean Alberto Luscher Castro, Dário de Queiroz Galvão Filho e Eduardo de Queiroz Galvão, além do doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), as obras da Galvão Engenharia que são investigadas são referentes ao Terminal da Ilha D'Água/RJ, ao Terminal Marítimo da Baía de Angra dos Reis/RJ, ao Projeto Água de Formação, ao EPC das unidades de "hidrocarboneto nafta coque", da Carteira de Gasolina - G3, à Refinaria Abreu e Lima (RNEST), à Refinaria de Paulínea - REPLAN- D5/SP, à REVAMP do Píer de Angra dos Reis/RJ, à Refinaria Landulpho Alves (RLAN), à Refinaria Premium I e ao COMPERJ.
Segundo os investigadores, pelo menos cerca de 1% do valor dos contratos, cerca de R$ 46 milhões, foi destinado ao pagamento de propina ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, indicado para o cargo pelo Partido Progressista (PP). Em depoimento em outubro ao juiz Sérgio Moro, da 13º Vara Federal Criminal de Curitiba, Costa afirmou que em todo contrato da diretoria de Abastecimento 3% do valor eram desviados, 1% para o PP e 2% para o Partido dos Trabalhadores (PT). O envolvimento do PT ainda é alvo de investigação e pode ser denunciado futuramente. Um valor ainda maior poderia ter sido desviado da Diretoria de Serviços, comandada pelo ex-diretor Renato Duque, de acordo com depoimentos de réus da Lava Jato à Justiça Federal de Curitiba. Essa fatia do suposto esquema de corrupção também permanece em investigação.
Em seu despacho nessa segunda, o juiz federal Sérgio Moro ressalta que as investigações não dizem respeito a pessoas com foro privilegiado. "Necessário também reiterar que a investigação e a persecução não têm cores partidárias", afirma Moro. "A prevenção e a repressão à corrupção, ao crime organizado e à lavagem de dinheiro são necessárias para o fortalecimento das instituições democráticas dentro de um governo de leis", diz o juiz federal em sua decisão de acatar a denúncia oferecida pelo MPF.
Outras denúncias
Essa é a segunda denúncia aceita nesta segunda-feira (15). Pela manhã, a Justiça Federalacolheu a denúncia oferecida contra os executivos do grupoOAS. A primeira denúncia aceita foi na sexta-feira (12), contra os empresários daEngevix.
As denúncias foram apresentadas na última quinta-feira (11) pelos procuradores do Ministério Público Federal (MPF). Ainda faltam serem aceitas pela Justiça Federal as denúncias contra executivos da Camargo Corrêa, UTC e Mendes Junior, além da denúncia contra o lobista Fernando Baiano e o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, apresentada à Justiça na noite desse domingo (14).
Na quinta-feira, executivos de seis das maiores empreiteiras do Brasil foram denunciados à Justiça acusados de participar do suposto esquema, com o MPF pedindo que as empresas façam o ressarcimento de R$ 1,186 bilhão. Os denunciados enfrentam uma ampla gama de acusações decorrentes da operação Lava Jato, da Polícia Federal, por crimes de corrupção, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro, em um caso histórico que atingiu uma das maiores empresas da América Latina.
As denúncias apresentadas pelo MPF envolveram ao todo 36 pessoas, 23 delas vinculadas a OAS, Camargo Corrêa, UTC Engenharia, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, além da Engevix. O juiz escreveu que, "em relação aos agentes da OAS, há diversas razões especificadas na denúncia para a imputação, como o depoimentos dos colaboradores, o envolvimento deles na celebração dos contratos fraudulentos, o fato de figurarem em comunicações eletrônicas com o grupo dirigido por Alberto Youssef ou o próprio resultado da busca e apreensão".
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