Goura (PDT) encabeça nova frente pelo protagonismo das bikes na cidade| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Se depender dos vereadores de Curitiba, a capital continuará sendo uma cidade com políticas para ciclistas. A Câmara Municipal criou na última terça-feira (7) a Frente Parlamentar de Mobilidade Sustentável para discutir o uso do modal como meio de transporte, além de aprofundar outras questões sobre o tema, como segurança no trânsito, acessibilidade e uso de veículos movidos a energia limpa.

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De acordo com o vereador Goura (PDT), autor da proposta que criou a frente, o principal objetivo é fomentar a discussão sobre essas formas alternativas de transporte, trazendo um viés mais técnico ao assunto. “Queremos aprofundar o tema dentro da Câmara e trazer a academia para o debate”, explica o parlamentar, que já aponta professores universitários como parceiros do projeto. Segundo ele, durante a última campanha, a discussão sobre mobilidade ignorou a profundidade necessária para adotar um viés meramente político.

A criação da frente vem na sequência de algumas polêmicas adotadas pela gestão de Rafael Greca (PMN) em relação à mobilidade urbana. Da transferência da escultura da bicicleta do Centro Cívico para o Parque Barigui à desautorização do superintendente municipal de Trânsito, João Francisco dos Santos Neto, de comentar sobre a Área Calma, o prefeito vem construindo a sensação de que as bicicletas podem não ser uma prioridade em seu governo, como aponta o vereador.

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Primeiras ações

Embora a Frente Parlamentar de Mobilidade Sustentável ainda não tenha escolhido seu presidente, alguns eventos já estão agendados. De acordo com Goura, no próximo dia 22 de março, a Câmara vai organizar um debate em conjunto com a Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR) sobre a redução da velocidade em Curitiba. A proposta é trazer professores da PUCPR para sustentar tecnicamente o debate. “Buscar a morte zero no trânsito não é uma utopia, temos que persegui-la com políticas públicas”, afirma.

“Até o momento, a prefeitura não deixou clara sua proposta para a mobilidade urbana”, afirma Goura. “Não digo que ela jogou o tema para escanteio, mas o prefeito falou várias vezes que a bicicleta tem que ser segregada do trânsito. Então vamos cobrar o diálogo”. Para o parlamentar, o fato de a frente contar com o apoio de 17 dos 36 vereadores de Curitiba, e de diferentes partidos, já mostra a força da pauta e o nível de adesão dos demais membros da Câmara.

Área Calma

Só que as bicicletas e os modais alternativos não serão os únicos temas abordados pela Frente Parlamentar de Mobilidade Sustentável. A segurança no trânsito é outro assunto que os vereadores devem priorizar e, nesse sentido, a Área Calma deve ocupar um papel central das discussões.

Criado em novembro de 2015, o perímetro central com velocidade máxima de 40 km/h divide opiniões e foi um dos principais assuntos das últimas eleições. Durante a campanha, o prefeito Greca cogitou rever os limites de velocidade na área e, em janeiro, entrou em atrito com seu secretariado após rumores de que a área poderia ser ampliada.

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Goura ainda vê a Área Calma como uma incerteza na atual gestão, já que a prefeitura não sinalizou nenhum caminho muito claro sobre seu futuro. “Não foi como em São Paulo, que fez um retrocesso enorme quando aumentou a velocidade máxima nas marginais. Isso é apenas uma medida populista para agradar motoristas”, critica.

Nesse sentido, ele acredita que a expansão do projeto para outras regiões da cidade pode ajudar a diminuir o número de mortes no trânsito na capital. “Temos que levar essa discussão para os bairros. O pedido de instalação lombadas para maior segurança é a segunda demanda mais comum na Câmara. Vivemos na cultura da velocidade e essa mudança precisa ser abordada”.

Uma das propostas para a Frente Parlamentar de Mobilidade Sustentável é trabalhar em maneiras de mostrar que o objetivo da Área Calma não é apenas controlar a velocidade dos veículos, mas trazer melhorias de acessibilidade. Para isso, o cuidado com as calçadas é uma das pautas que deve vir à tona. “Não queremos substituir nenhuma das comissões já existentes na casa, mas fortalecê-las. É trazer uma maior qualificação sobre os temas discutidos”, conclui.