Colaboradores
Marqueteiro e ministros ajudaram no discurso
Brasília - A presidente Dilma Rousseff (PT) passou as duas últimas semanas debruçada sobre os discursos feitos ontem no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto. Os textos finais contaram com sugestões do publicitário João Santana (marqueteiro das campanhas presidenciais dela e de Lula) e dos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio).
"Eles ajudaram, mas foi a própria Dilma quem conduziu o trabalho. A presidente é muito inventiva, gosta disso", diz o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. O paranaense se disse "emocionado" com o teor dos discursos.
"É muito importante que ela tenha colocado como um avanço necessário e imprescindível a questão da erradicação da miséria." Carvalho também adiantou que a primeira reunião da nova equipe de coordenação política do governo será realizada na terça-feira. Segundo ele, porém, ainda não está definido quem integrará a equipe.
André Gonçalves, correspondente
Saúde terá papel fundamental no combate à pobreza extrema
Apontado como meta primordial do governo por Dilma Rousseff, o combate à miséria integrará todos os ministérios.
- Saúde terá papel fundamental no combate à pobreza extrema
- Governadores serão chamados para "pacto nacional"
- Saúde, educação e segurança são as principais demandas
- A nova Esplanada
- Dilma assume com a missão de construir imagem própria
- Populares despedem-se de Lula e saúdam a nova presidente do país
- Promessas e surpresas
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff (PT) tomou posse ontem como a primeira mulher a comandar o Brasil. Disse que a pobreza extrema "envergonha o país. E reiterou que sua principal meta de governo será erradicar a fome e a miséria. Também deu uma especial atenção ao compromisso de lutar pela qualidade da educação, saúde e segurança algumas das principais demandas da sociedade.
Aos 63 anos, a ex-militante de esquerda e ex-presa política foi oficialmente declarada empossada às 14h52 por um antigo integrante do campo político da ditadura que ela combateu, o presidente do Senado e do Congresso, José Sarney (PMDB-AP).40 minutos
O discurso de 40 minutos de Dilma no Congresso, onde tomou posse, foi basicamente uma repetição de compromissos que ela vem assumindo desde sua eleição, além dos tradicionais elogios dos anos de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem ontem recebeu a faixa presidencial. A novidade foi a introdução daquele que pode ser seu bordão de discursos de Dilma: "Queridas brasileiros, queridos brasileiros.
O texto teve como mote a afirmação de que seu antecessor e padrinho político promoveu o "despertar de um novo Brasil e "o maior processo de afirmação que o país já viveu, disse a petista, que é a 40.ª pessoa a ocupar ocupar a Presidência da República.
Dilma reafirmou que a luta de seu governo será "a erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos, além da melhora na "educação, saúde e segurança. "Não vou descansar enquanto houver brasileiros sem alimentos na mesa, enquanto houver famílias no desalento das ruas, enquanto houver crianças pobres abandonadas à própria sorte", disse. "Essa não será uma tarefa isolada de um governo, mas um compromisso a ser abraçado por toda a sociedade", ressaltou.
Ao citar que outra prioridade no seu governo será a luta pela qualidade da educação, saúde e segurança, Dilma destacou que para melhorar a qualidade do ensino os professores precisam ser "tratados como verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso com a educação das crianças e jovens".
Economia
A nova presidente defendeu ainda em seu discurso de posse uma reforma política urgente "para fazer avançar nossa jovem democracia" e dar longevidade ao atual ciclo de crescimento. "É, portanto, inadiável a implementação de um conjunto de medidas que modernize o sistema tributário, orientado pelo princípio da simplificação e da racionalidade", afirmou.
Dilma reiterou que manterá a estabilidade econômica como valor absoluto. "Já faz parte de nossa cultura recente a convicção de que a inflação desorganiza a economia e degrada a renda do trabalhador", afirmou. "Não permitiremos, sob nenhuma hipótese que esta praga volte a corroer nosso tecido econômico e a castigar as famílias mais pobres".
Ela prometeu também não fazer a menor concessão ao protecionismo dos países ricos "que sufoca qualquer possibilidade de superação da pobreza" e fazer um trabalho permanente e continuado para melhorar o gasto público.
Apoio político
Dilma pediu também o apoio dos partidos políticos, instituições e sociedade para governar o país. "O Brasil do futuro será exatamente do tamanho daquilo que, juntos, fizermos por ele hoje. Do tamanho da participação de todos e de cada um".
Dilma prestou também homenagem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, embargando a voz ao citá-lo e especialmente ao vice, José Alencar, internado em São Paulo, "pelo exemplo de coragem" no combate ao câncer. Alencar luta contra tumores malignos no intestino e não pôde comparecer à posse de Dilma.