Na próxima segunda-feira, 15, está previsto o início dos depoimentos das testemunhas, feridos e familiares das vítimas do acidente que matou 27 pessoas no Oeste de Santa Catarina, na semana passada. A informação é da Agência Estado de São Paulo.
Segundo a agência Estado, a advogada da transportadora, Solange da Silva Machado, onde trabalha o motorista da carreta Rosinei Ferrari (que vive em Cascavel Oeste do Paraná), responsável pelo segundo acidente, irá entrar com uma liminar na Justiça de Descanso, Oeste de Santa Catarina, solicitando que seu cliente responda o processo em liberdade.
Conforme a Agência, na próxima semana está prevista a divulgação dos dados do tacógrafo retirado do caminhão dirigido por Ferrari.
O Jornal Folha de São Paulo publicou neste sábado uma entrevista com a mulher do motorista, Luciane Ferrari, 28 anos. Segundo declarações dela à Folha, o marido teve noção da dimensão do acidente somente nesta sexta-feira, após assistir a uma reportagem pela televisão.
"Ele achava que tinha sido uma coisa pequena. Mas, depois de assistir à TV, os policiais (que fazem a escolta dele no quarto) deram detalhes, falaram quantas pessoas morreram. Quando entrei no quarto, ele me perguntou se tudo aquilo era verdade, se matou tanta gente. Ele já está aceitando a idéia de que é um assassino, coitado."
Segundo ela, o marido está com medo da cadeia, para onde será levado quando tiver alta. Nela, há quatro celas ocupadas por 20 detentos. A capacidade é de oito pessoas, duas por cela. Rosinei Ferrari foi o responsável pelo segundo acidente na BR-282, na noite de terça-feira (9), no município de Descanso (SC). Na tragédia, 27 pessoas morreram e outras 100 ficaram feridas.
Ferrari está internado, mas não corre risco de morrer segundo o médico Evandro da Silva Nicola, que fez o atendimento do motorista no Hospital São José. Ferrari mora em Cascavel, no Oeste do Paraná, e há três meses trabalha para a transportadora Turatto & Turrato Ltda.
O caminhão que provocou o acidente, um Mercedes-Benz 1935, estava carregado com 27 toneladas de açúcar. O motorista saiu de Rio Brilhante, Mato Grosso do Sul, com destino a Caxias do Sul (RS). O caminhão pertencia à transportadora.
Prisão
Rosinei Ferrari foi preso em flagrante, ainda no hospital, por homicídio doloso, quando há intenção de matar. Depois de receber alta, o motorista será transferido para a Cadeia Pública de Descanso. Caso seja considerado culpado, Ferrari poderá ser condenado a uma pena que varia de seis a 20 anos de prisão.
No acidente, Ferrari caiu do caminhão e teve ferimentos na perna esquerda, uma lesão na bacia e escoriações no rosto. O motorista também perdeu parte do couro cabeludo e precisou levar 60 pontos na cabeça. Segundo o médico Nicola, a primeira coisa que Ferrari afirmou quando retomou a consciência no hospital foi que ficou sem freios no caminhão. A mulher do motorista, Luciane Ferrari, de 27 anos, afirmou que o acidente foi uma fatalidade.
Seqüência trágica
Por volta das 20h30 de terça-feira (9), para fugir do engarrafamento provocado pela colisão entre um ônibus e um caminhão, Ferrari seguiu na contramão até se chocar com carros das equipes de resgate. Pelo menos sete pessoas morreram no primeiro acidente.
Com o avanço da carreta, morreram outras 20, inclusive bombeiros e policiais que trabalhavam no resgate, jornalistas que cobriam o acidente e curiosos. Um dos jornalistas mortos era o cinegrafista paranaense Evandro Luiz Troian, de 33 anos. O corpo de Troian foi enterrado na tarde de quarta-feira (10), em Terra Roxa, Oeste do Paraná.
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