Ainda marcado pelas consequências políticas e jurídicas da primeira festa de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, o PT decidiu fazer economia de guerra na segunda posse, em 1º de janeiro de 2007.
Vai haver show (ou atividade cultural, como prefere o Planalto) em Brasília, mas não haverá cachê para os artistas que aceitarem participar, informou nesta sexta-feira o ex-deputado Chico Vigilante, dirigente do PT do Distrito Federal e um dos organizadores da "festa popular" da segunda posse.
Em janeiro de 2003, o publicitário Duda Mendonça montou um grande palco na Esplanada dos Ministérios, com telões e show de luzes e fogos. A conta da festa, de cerca de R$ 2,5 milhões, provocou o primeiro empréstimo do chamado "valerioduto", que dois anos depois provocaria a maior crise política do governo Lula.
- Quem aceitar o convite para animar a população na posse vai ter de cantar de graça - disse Vigilante a jornalistas, depois de um almoço com dirigentes políticos (PT, PSB, PCdoB, PRB) e de movimentos sociais (UNE, CUT, entre outros) que organizam a festa.
Vigilante confirmou apenas a participação, até agora, do cantor e compositor Geraldo Azevedo, mas mencionou como possíveis presentes ao show as duplas Zezé de Camargo e Luciano e Zé Mulato e Cassiano.
O palco dessa vez será montado na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto, porque o público esperado é bem menor do que as cerca de 120 mil pessoas que ocuparam a Espanada dos Ministérios em 2003.
O tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, disse que o comitê organizador só vai fazer uma previsão de custos com a festa depois que os partidos e organizações sociais informarem quanto podem oferecer, o que deve ocorrer na próxima semana.
Presente ao almoço, o assessor especial da Presidência Julio Hector Marín corrigiu a expressão "show'' utilizada por Vigilante.
- Show é uma palavra que se usa para atrair pessoas a algum lugar. Teremos a posse e uma atividade cultural, para realçar a diversidade regional e cultural do país - disse o assessor de Lula.
Marín informou que o governo vai arcar com os custos da cerimônia oficial (deslocamento do presidente, desfile em carro aberto, recepção de convidados oficiais) e com a montagem dos palanques para a imprensa e para a "atividade cultural''. O PT, os partidos e as organizações sociais envolvidas na festa popular vão bancar a produção de panfletos, cartazes e material de divulgação, além de transporte e hospedagem de militantes, segundo Vigilante.
- Os partidos de esquerda no Brasil sempre viveram devendo. Não vai ser uma dividazinha a mais que vai impedir a festa da posse - comentou o dirigente petista.
Para a posse de 2007, não foram convidados chefes de Estado estrangeiros, que teriam de se deslocar ao Brasil na passagem do ano. A cerimônia começa às 16h, com desfile em carro aberto até o Congresso, onde o presidente fará o juramento da Constituição e um discurso. De lá, segue para o Planalto, onde dá posse coletiva e tira foto oficial com os ministros. Por volta das 19h, Lula faz um discurso no parlatório e, em seguida, começa o ''ato cultural''.
- Não vamos pagar cachê, mas é bom lembrar que não se trata de um show de calouros. Para participar do show, o artista tem de ter nome em Brasília e no Brasil - advertiu Chico Vigilante.
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