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Catta Preta, advogada da Lava Jato. | Geraldo Magela/Geraldo Magela/Agência Senado
Catta Preta, advogada da Lava Jato.| Foto: Geraldo Magela/Geraldo Magela/Agência Senado

Na primeira sessão da CPI da Petrobras após o recesso branco da Câmara dos Deputados, parlamentares criticaram a forma como foi aprovada a convocação da advogada Beatriz Catta Preta e disseram que não tiveram tempo de analisar os requerimentos votados.

As críticas foram feitas em resposta às declarações, na semana passada, do presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), de que a convocação de Catta Preta foi aprovada por unanimidade. Motta disse isso para rebater a entrevista da advogada ao “Jornal Nacional”, na qual ela falou ter se sentido ameaçada e intimidada por integrantes da CPI.

Delator diz que Cunha pediu propina de US$ 5 milhões

O consultor Júlio Camargo afirma que foi pressionado pelo presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a pagar US$ 10 milhões em propinas. Segundo Camargo, Cunha pediu US$ 5 milhões pessoalmente a ele.

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Catta Preta foi a advogada do delator Julio Camargo, que no mês passado declarou ter pago propina de US$ 5 milhões ao presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ela afirmou que a pressão cresceu após a declaração do seu cliente. Sua convocação foi solicitada pelo deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), aliado de Cunha, e aprovada na sessão de 9 de julho.

A deputada Eliziane Gama (PPS-MA) disse que os requerimentos têm sido votados apressadamente, poucos minutos antes de o plenário da Câmara iniciar a ordem do dia –após o início da ordem, as comissões não podem mais aprovar requerimentos.

“Você não consegue nem questionar porque ficam faltando três minutos ou dez minutos para a ordem do dia começar e você precisa correr para a aprovação dos requerimentos. Foram mais de 100 requerimentos na última reunião deliberativa, o relator só citou o número dos requerimentos”, disse.

O deputado Jorge Solla (PT-BA) afirmou que os requerimentos têm sido aprovados “no lote” e que não se pode falar que foram por unanimidade. “Essa Casa já aprovou mais de uma centena de requerimentos em apenas 13 minutos. Na sessão seguinte levou duas horas apenas pra ler os requerimentos que foram aprovados”.

Julio Delgado (PSB-MG) também rechaçou a unanimidade. “Nenhum deputado aqui é responsável porque não houve votação nominal”.

Parlamentares do PMDB, porém, mantiveram a posição de convocar Catta Preta. O presidente da CPI inclusive disse que enviou ofícios ao Conselho Federal de Medicina e ao Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro para saber se o atestado dado por um médico ao delator Pedro Barusco era verdadeiro, o que o impediu de participar de acareação na CPI.

O atestado foi usado por Catta Preta para cancelar a acareação. Reportagem da revista “Veja” mostrou fotos de Barusco na praia, o que revoltou os deputados.

“Ela tem obrigação de vir aqui e eu como cidadão e como deputado federal tenho a legitimidade de exigir a presença dela aqui”, afirmou Celso Pansera. Já Motta, diante de críticas, disse que tem a “consciência tranquila” do que está fazendo.

Apesar de o STF (Supremo Tribunal Federal) ter dado um habeas corpus liberando Catta Preta de dar explicações sobre seus honorários, o presidente da CPI já afirmou que ainda pretende trazê-la, mas não definiu data ainda.

Mitsui

O presidente da Mitsui no Brasil, Shinji Tsuchiya, confirmou que a empresa buscou o lobista Julio Camargo, delator da Operação Lava Jato, para saber sobre requerimentos aprovados pela Câmara para investigar a empresa e que, segundo o doleiro Alberto Youssef, foram apresentados por aliados do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para pressionar pelo pagamento de propina.

As declarações foram dadas nesta quarta-feira (5) à CPI da Petrobras, após questionamento do deputado Ivan Valente (PSol-SP) sobre o episódio.

Em depoimento à Justiça Federal, Julio Camargo explicou que foram apresentados requerimentos na Câmara pela ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ) em 2011 para pressionar a Mitsui. Segundo Camargo, Cunha foi o responsável pelos requerimentos, com o objetivo de exigir o pagamento de propina.

O delator declarou que foi procurado por um diretor da Mitsui preocupado com os requerimentos. O presidente da Mitsui, que ressaltou só ter assumido o cargo no Brasil em maio deste ano, confirmou que um diretor da época buscou Camargo.

“Quanto aos requerimentos da deputada Solange Almeida, como se trata de requerimento público, o senhor Takari tomou conhecimento de alguma forma daquele pedido e em uma reunião de negócios [com Julio Camargo] de fato teria perguntado do que se tratava essa convocação. É a única coisa que eu sei”, disse Shinji.

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