Atualizado em 28/03/2006 às 19h22
Em seu discurso na cerimônia de transmissão de cargo para Guido Mantega, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci disse que deixa o governo com a mesma humildade com que chegou e que sai da Fazenda com a certeza de ter ajudado o país a recuperar sua credibilidade internacional e de ter começado a corrigir o enorme abismo social entre ricos e pobres.
- Saio com a consciência tranqüila, e a certeza de um dever honesta e devidamente cumprido em benefício do Brasil. Saio com a mesma humildade que vim para o Ministério da Fazenda - disse.
O ex-ministro disse que passou por "um círculo infernal das suspeições e dos prejulgamentos", mas não atentou contra a democracia e que continua acreditando nas pessoas e nas instituições.
- Minha fé nas pessoas e nas instituições continua inabalada. Jamais patrocinei malfeitorias, nestes três anos, contra recursos públicos. Jamais atentei de nenhuma forma contra a democracia e as instituições do meu país - afirmou.
Palocci reconheceu que cometeu erros, mas afirmou que não se arrepende de ter defendido o projeto político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
- Certamente cometi erros, nem de longe me considero infalível. Mas digo ao presidente Lula que não me arrependo nenhum minuto de ter defendido seu projeto político. Saio feliz pelo dever cumprido, feliz por tantos amigos que fiz dentro e fora do governo e, principalmente, por ter feito contribuição para milhares de pessoas pobres, cuja mesa hoje é mais farta do que antes - disse o ex-ministro.
Palocci agradeceu o grande apoio que recebeu de Lula na execução de seu trabalho na Fazenda, disse que sem seu apoio e sustentação a equipe econômica não teria vencido o desafio de 2003, "a tarefa mais difícil e mais a mais honrada da minha vida". Palocci desejou sucesso ao sucessor, afirmando ter certeza de que Mantega fará ainda mais do que ele.
- Desejo todo sucesso ao ministro Guido Mantega. Não torcerei para fazer o mesmo que fiz, tenho certeza que fará mais e melhor. A tarefa é gigantesca - disse.
Palocci disse que seu maior legado não foi a obra econômica, mas a certeza de ter procurado um novo caminho para a convivência serena entre pessoas de opiniões contrárias. Ele afirmou ainda que as instituições políticas estão cravadas de rancores, o que, na opinão dele, tem criado grandes dificuldades para o avanço institucional do país.
A saída de Palocci do governo foi determinada pelo depoimento do então presidente da Caixa Jorge Mattoso na Polícia Federal, que confirmou o envolvimento direto do ministro da Fazenda na quebra ilegal do sigilo do caseiro Francenildo Santos Costa, que contradisse Palocci na CPI dos Bingos. A crise ainda levou à demissão de Mattoso, que disse à PF ter entregado a Palocci cópia do extrato do caseiro.
Deixe sua opinião