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Atualizado em 28/03/2006 às 19h25

A Polícia Federal pretende intimar para depor nos próximos dias o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. A intenção do delegado Rodrigo Gomes, encarregado do inquérito que apura a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa é interrogar Palocci antes que ele retorne a Ribeirão Preto.

Além do inquérito na PF, Palocci também terá de responder a outros processos. Desprotegido pelo foro privilegiado que só permite ao Supremo Tribunal Federal (STF) investigar e processar ministros de Estado, Palocci será convocado a depor pela Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo, podendo ser indiciado no inquérito que investiga o superfaturamento dos contratos de limpeza urbana em sua segunda gestão na prefeitura de Ribeirão Preto, em 2001 e 2002.

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou nesta terça-feira que o aprofundamento das investigações da PF é um desdobramento natural do inquérito. O ministro voltou a dizer também que a Polícia Federal não persegue e não protege ninguém.

- Acho que ele precisa ser investigado, ele vai ser investigado - disse Thomaz Bastos, depois de participar de solenidade em comemoração ao 62º aniversário da Polícia Federal.

Bastos disse que a PF é uma instituição republicana e tem toda isenção e credibilidade para realizar esse tipo de investigação, da mesma forma que comandou grandes operações ao longo do governo Lula. O ministro elogiou Palocci, mas disse que a saída dele do governo, mesmo em meio ao escândalo da quebra de sigilo do caseiro, não comprometerá a campanha à reeleição de Lula.

- Acho que o presidente Lula não se enfraquece (com a saída de Palocci), o que vai enfraquecer o candidato é ele não ter voto, não ter a confiança da população. O nosso governo vai muito bem - disse Thomaz Bastos.

O ministro sugeriu que os críticos façam uma comparação entre os indicadores sociais e econômicos dos três anos e meio do governo Lula com os de Fernando Henrique Cardoso. Segundo Bastos, durante o governo Lula houve aumento de empregos, do crescimento econômico e queda do risco-país.

A Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo esperam apenas o ex-ministro decidir onde vai fixar residência para intimá-lo a depor. No MP, segundo o promotor do Gaerco Aroldo Costa Filho tramitam cerca de 50 inquéritos que envolvem o nome de Palocci.

- Parece brincadeira, mas é verdade. São muitos inquéritos e vão desde contratação irregular até o projeto do Vale dos Rios - afirma o promotor, referindo-se a um projeto lançado por Palocci durante sua segunda administração em Ribeirão Preto e que previa a revitalização da área central da cidade. Há registro de gastos de R$ 2 milhões no projeto, mas nada foi construído.

Já o delegado Benedito Antônio Valencise, de Ribeirão Preto, pretende convocar o ex-ministro para depor "nos próximos dias".

- Ele deve ser intimado e interrogado. Com base em documentos que comprovam a participação dele nos crimes também podemos indiciá-lo. Agora ele é um cidadão comum que pode ser indiciado e interrogado - garante o delegado.

A Polícia Civil tem dois caminhos: se Palocci ficar em Brasília ele poderá ser intimado por carta precatória e se voltar para Ribeirão Preto receberá uma intimação via oficial de justiça.

-Se ele ficar em Brasília também não teremos problemas. Eu posso me deslocar até lá para pegar o depoimento - comenta.

- Nós também não teremos dificuldades, basta encaminharmos a precatória. Também podemos acompanhar o depoimento - destacou Costa Filho.

Valencise explicou, que por enquanto, não existem motivos para pedir a prisão preventiva do ex-ministro.

- Mas não descartamos esta hipótese se no decorrer das apurações ele desaparecer ou não for localizado para a intimação, fazer ameaça ou coação contra testemunha para enfraquecer provas. Se ocorrer um destes casos, podemos representar para a decretação da prisão - enfatizou.

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