O futuro ministro da Justiça Wellington César Lima e Silva, que assumirá o cargo nos próximos dias, disse nesta terça-feira (1) que não haverá mudança imediata na Polícia Federal (PF). A oposição e entidades de classe que representam os policiais federais demonstraram preocupação com a saída do atual ministro, José Eduardo Cardozo, por entender que seria uma forma de interferir em investigações da PF, entre elas a Operação Lava-Jato.
“Nós não temos nenhum indicativo de mudança imediata. Tive uma reunião preliminar com o ministro Eduardo (Cardozo) e com o diretor-geral (da Polícia Federal) Leandro (Daiello). Tive a melhor das impressões e a única palavra é tranquilidade, normalidade e seguirmos nosso caminho”, afirmou Wellington, após se reunir com Cardozo nesta terça.
Novo ministro da Justiça é acusado de engavetar suspeitas contra governo do PT na Bahia
Leia a matéria completaEle também comentou as críticas de entidades de classe da PF. “Eu vejo com naturalidade. Houve entidades favoráveis,outras que revelaram natural preocupação. Acho que essa preocupação é compreensível e eles verão em pouco tempo que ela é injustificável”.
Questionado sobre como ficam as investigações da Lava Jato, ele respondeu que a PF continuará seu trabalho. “As instituições no Brasil estão maduras a ponto de não sofrerem variações com mudança nos atores. A Polícia Federal continuará com seu trabalho, como vem desenvolvendo até hoje”.
Tanto o futuro como o atual ministro rechaçaram a ideia de que a troca seria uma medida para blindar o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Wellington, é natural que haja uma mudança, uma vez que Cardozo está há mais de cinco anos no posto e o seu ciclo se esgotou. Cardozo disse desconhecer pedido de Lula para que ele deixasse o Ministério da Justiça. Também negou se sentir enfraquecido no governo. Segundo ele, é natural que haja “fadiga de material” após tanto tempo no cargo.
“As críticas existiram de todos os lados. Recentemente setores da oposição me criticaram porque eu abri inquérito (a PF passou a investigar pagamentos feitos pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardozo a uma ex-amante). Outros setores me criticaram. É natural da vida. Ser republicano neste país é difícil. Mas a República veio para ficar e o espírito republicano é cada vez mais forte entre nós”, disse Cardozo.
Wellington já foi procurador de Justiça da Bahia, escolhido pelo ex-governador Jaques Wagner, hoje ministro da Casa Civil. Ele foi questionado se foi uma indicação de Wagner para o Ministério da Justiça. “Pelo que eu soube, o entusiasmo foi coletivo, tanto do ministro Zé Eduardo quanto do ministro Jaques Wagner”.
Cardozo irá assumir o posto de ministro da Advocacia Geral da União (AGU), no lugar de Luís Inácio Adams. Entidades que representam carreiras da AGU reclamaram da escolha de alguém de fora dos quadros do órgão. Cardozo disse achar essa posição normal.
“Acho que é um pleito normal, que as corporações façam essas reivindicações, como a Polícia Federal também faz, todos fazem. O importante é manter diálogo com toda a carreira. Também sou advogado público de origem. Tenho absoluta certeza de que vamos nos entender. É importante que os advogados públicos sejam prestigiados. Esse é o meu espírito”, disse Cardozo.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada