A troca do ministro da Justiça em meio à Operação Lava Jato preocupa os delegados da Polícia Federal. Nesta segunda-feira (29) José Eduardo Cardozo deixou a pasta e foi para a Advocacia Geral da União (AGU) – substituindo Luis Inácio Adams. Para o lugar de Cardozo chega Wellington César, ex-procurador-geral de Justiça da Bahia.
A principal entidade da categoria divulgou nota na segunda-feira, na qual alega ter recebido com “extrema preocupação” os rumores de que Cardozo pediu para deixar o Ministério da Justiça devido às pressões que vinha sofrendo do PT pelo avanço das investigações da PF envolvendo imóveis utilizados pelo ex-presidente Lula. Segundo Edson Garutti, os delegados querem que o ministro da Justiça “seja quem for” assuma o compromisso de fortalecer a autonomia da Polícia Federal.
“Não chegue na pasta sendo uma marionete, colocada ali para controlar as investigações da Polícia Federal. O ministro, quem quer que seja, tem de chegar, sabendo seu papel, que é fortalecer as instituições”, sugere Garutti.
Wellington César foi indicado ao cargo pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner – citado na Operação Lava Jato. Na quarta-feira (24), o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), acolheu pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para arquivar menção a Jaques Wagner, feita em delação premiada colhida no âmbito da Operação Lava Jato.
Apesar de serem informações prestadas no curso das investigações sobre corrupção na Petrobras, os apontamentos da delação são referentes à esfera eleitoral e por isso não foram analisadas pelo relator da Lava Jato no Tribunal, ministro Teori Zavascki.
“Há um murmurinho ainda de que ele [Wellington César] seria indicação de Jaques Wagner. Eu não sei se foi ou não foi. Jaques Wagner é um dos investigados da Lava Jato. Não teria legitimidade nenhuma. Como um investigado da principal investigação vai indicar o ministro da Justiça? Não sei se isso é verdade ou não. Estou falando o que eu ouvi na imprensa. Se for verdade, estamos muito mal”, afirma o diretor regional da Associação dos Delegados da PF em São Paulo, delegado Edson Garutti.
O delegado pediu o apoio da população. “Já percebemos que fortalecimento de uma instituição policial não é algo muito prazeroso para os políticos. Os políticos só fortalecem a polícia quando isso é uma exigência da população. A gente chama a população para que fique atenta, preste atenção nos movimentos que estão acontecendo, que cobre dos seus governantes a questão da justiça, que a polícia tenha condições de fazer seu trabalho”, finalizou Garutti.
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