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Em uma conversa gravada pela Polícia Federal, o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) fala com o ex-presidente da Valec José Francisco das Neves, o Juquinha, sobre um "negócio errado" no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que será mantido em segredo. Valdemar diz que o problema, um contrato entre os Correios e o Dnit, "vai dar merda". O diálogo foi interceptado em 8 de dezembro do ano passado, ou seja, depois da faxina da presidente Dilma Roussef no Ministério dos Transportes, controlado pelo Partido da República, que tem Costa Neto como secretário-geral da Executiva Nacional.

Depois de conversar sobre assuntos partidários, Valdemar e Juquinha passam a tratar o fantasma das denúncias e demissões que ainda rondava o ministério. Muito à vontade com o ex-presidente da Valec, o deputado vai direto ao ponto . "Tem só um negócio errado lá. Só um, de tudo que nós vimos: é um negócio no Dnit. Você não sabe o que eles faziam. Isso vai dar merda. Tinha uma empresa que lançava as multas nas estradas e o Correio não mandava cobrança para o camarada. Tinha um camarada que era responsável pelo setor. Vai ter que aparecer o nome dele, que era o Varejão, coitado, aí tá morto. Porque, então, o Correio cancelou, falou que não mandava mais. Uma loucura dessas e você continua pagando a firma para fazer o cadastro das multas", relata Valdemar.

Juquinha ouve a revelação sobre um suposto crime e dá uma resposta curta. "Aí tá errado, não tem jeito", diz. Ainda à vontade com o amigo, Valdemar diz que já sabe quem "é o culpado", mas avisa que o assunto será mantido em sigilo. "Tem nome do culpado, tem o responsável. Entendeu? Não é que nós queremos ferrar ninguém. Não vamos dar notícia disso aí. Só prá você entender".

Ainda lacônico, Juquinha considera natural "o negócio errado que vai dar merda". "No dia a dia sempre tem alguma coisa que a gente precisa corrigir e ir administrando se não não toca a vida", explica.

As conversas foram interceptadas durante a Operação Trem Pagador, da Polícia Federal. Juquinha, a mulher e um dos filhos passaram cinco dias presos (de quinta-feira passada a segunda desta semana) em Goiânia. Eles são acusados de ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro. Laudos da polícia apontam o desvio de aproximadamente R$ 130 milhões na construção da ferrovia Norte Sul só em Goiás. A obra está a cargo da Valec, estatal ligada ao Ministério dos Transportes. Valdemar Costa Neto disse, por meio da assessoria de imprensa, que não faria comentários sobre o assunto.

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