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"Esses 21 votos foram uma surpresa. Achei que seria zero. Nem eu votei em mim", disse Kaiser Paiva, que concorreu ao cargo de vereador em São Paulo pelo Partido Social Cristão (PSC). Ele é o autor de um processo contra o prefeito Gilberto Kassab, que o chamou de "vagabundo" durante a inauguração de uma AMA na Zona Oeste, em 2007. "Eu não distribuí material nem para a minha família. Nem eles sabiam o número".

Kaiser diz que votar nele mesmo teria sido incoerente. Ele desistiu da disputa, mas não fez o comunicado oficial ao TRE. "Até fiz algo por escrito para o partido, mas não consegui entregar".

Uma depressão causada pelo estresse depois do episódio envolvendo Kassab é o motivo dado pelo ex-candidato para ter deixado a campanha. "Eu fiquei muito mal, e nesse mês de setembro, minha saúde piorou e nem saí de casa". Paiva se filiou ao PSC no último dia permitido para quem desejasse disputar as eleições municipais. Ele estava "decepcionado e revoltado" com o andamento de seu processo e resolveu se inscrever. "O que mais me motivou foi o slogan do partido, ‘ser humano em primeiro lugar’. Eu imaginava que depois de um ano estaria melhor de saúde e poderia disputar as eleições".

Outra decepção contribuiu para a retirada de Paiva. Ele imaginava que seu partido lançaria candidatura própria à prefeitura e não contava com a possibilidade de coligação com o DEM. "Como eu ia apoiar (Kassab)? Seria falta de bom senso, seria muito incoerente encarar isso. Como eu ia sair na televisão? Como a sociedade ia ver?".

Paiva afirma que o PSC produziu todo o material impresso sem nenhuma indicação de apoio ao prefeito, mas que a propaganda eleitoral na televisão era associada à de Kassab. Ele diz ter recusado várias vezes os chamados para gravar o programa. O PSC informou ao G1 que Kaiser Paiva deixou a campanha, não se comunicava com o diretório freqüentemente e que nem sequer buscou os "santinhos".

Kaiser tem formação em design gráfico, mas não trabalha atualmente. Na época do incidente, ele diz que atuava no ramo da comunicação gráfica, e afirma ter sido prejudicado quando a Lei Cidade Limpa entrou em vigor. Ele não quis informar a situação do seu processo na justiça.

Perguntado se pretende se candidatar novamente, Paiva diz que só pode responder daqui a algum tempo. "Não sei se eu meu caráter me permite entrar nesse meio. Vou ter que avaliar muito. Tenho que saber qual é a minha vocação."

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