Exoneração de Maurício Requião constava em ato secreto
Da Redação
Um dos 663 atos secretos do Senado foi a exoneração de Maurício Requião de Mello e Silva do cargo de assessor técnico do gabinete do então senador Roberto Requião. A informação consta em um CD distribuído pela primeira-secretaria do Senado em que estão 312 dos atos da casa não publicados. O documento Ato do Diretor-Geral nº 713 data de 29 de junho de 2000. As informações fazem parte do relatório final da comissão instalada pela primeira-secretaria, que afirma que o sigilo pode ter sido erro operacional ou deliberado na publicação dos atos administrativos.
O irmão do governador Requião afirmou não ter a menor ideia do motivo de sua exoneração não ter sido publicada e disse que na época trabalhava na Fundação Pedroso Horta, do PMDB. A Casa Civil do governo do estado afirmou não ter informações sobre o assunto. A assessoria do governador disse não fazer o menor sentido o ato de exoneração de Maurício não ter sido publicado pelo Senado.
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Rio de Janeiro - Cada vez mais acuado, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), teve seu nome envolvido em mais uma denúncia ontem. Reportagem do jornal Estado de S. Paulo revela que José Adriano Cordeiro Sarney, neto dele, é desde 2007 um dos operadores do esquema de crédito consignado no Senado. A consultoria de José Adriano opera em nome de seis bancos, mas, de acordo com a reportagem, a empresa não existe nos endereços declarados em documentos oficiais.
A concessão de empréstimos aos servidores com desconto na folha de pagamento começou a ser investigada pela Polícia Federal após denúncias de que a consultoria do ex-diretor de Recursos Humanos José Carlos Zoghbi se beneficiou das transações.
José Adriano divulgou nota ontem negando que tenha recebido favorecimentos para atuar como operador de crédito consignado para funcionários da Casa. Ele nega também que a empresa Sarcris (responsável pela operação), da qual é sócio, seja fantasma.
Segundo José Adriano, a empresa já contou com 15 empregados "com carteira assinada", mas por causa da crise e da consequente retração do crédito no Brasil, foi obrigada a reduzir suas atividades e rescindir o contrato de aluguel.
José Adriano confirma que foi funcionário do HSBC e que nessa condição fez uma parceria com o banco para cuidar de convênios que o banco mantinha desde 1995 com instituições públicas e empresas privadas, inclusive o Senado Federal.
Em nota, o HSBC informou ontem que desativou em fevereiro parceria com a Sarcris, empresa do neto de Sarney. O HSBC informou ainda que desde 2005 já liberou R$ 26,9 milhões em empréstimos consignados para funcionários do Senado. Desse total, 13,5% foram intermediados pela empresa do neto de Sarney: R$ 3,65 milhões. Por essa intermediação, o HSBC pagou uma comissão de R$ 181.935,42 para a Sarcris.
Negócio
O esquema do crédito consignado no Senado vem sendo investigado pela Polícia Federal. De 2007 até hoje, a Sarcris Consultoria, Serviços e Participações Ltda, empresa de José Adriano, recebeu autorização de seis bancos para intermediar a concessão de empréstimos aos servidores com desconto na folha de pagamento. A PF investiga suspeitas de corrupção e tráfico de influência envolvendo o negócio.
Filho mais velho do deputado Zequinha Sarney (PV-MA), José Adriano abriu a empresa quatro meses depois de o então diretor de Recursos Humanos da Casa, João Carlos Zoghbi, inaugurar a Contact Assessoria de Crédito, que ganhou pelo menos R$ 2,3 milhões intermediando empréstimos junto a grandes bancos. A Sarcris começou a funcionar em 26 de fevereiro de 2007. Na Receita Federal, foi registrada como "correspondente de instituição financeira", à semelhança da empresa montada por Zoghbi. Além do HSBC, a empresa do neto de Sarney foi autorizada a operar em nome dos bancos Fibra, Daycoval e CEF. Finasa e Paraná Banco também chegaram a credenciar a Sarcris, mas cancelaram depois o acordo.
A localização da empresa de José Adriano é um mistério porque ela não existe nos endereços que declara nos documentos oficiais.
Perseguição
Em nota divulgada ontem, o presidente do Senado, José Sarney, afirmou que existe uma "campanha midiática" contra sua permanência no comando da Casa. Sarney afirma que seu neto José Adriano Sarney tem qualificação profissional para intermediar empréstimos consignados entre instituições bancárias e servidores do Senado.
"As explicações do meu neto, pessoa extremamente qualificada com mestrado na Sorbonne e doutorado em Havard, são suficientes para mostrar a verdadeira face de uma campanha midiática para atingir-me na qual não excluo a minha posição política, nunca ocultada, de apoio ao presidente Lula e seu governo", disse.
Sarney passou a manhã de ontem reunido com assessores em sua residência em Brasília. Segundo interlocutores, o peemedebista evitou ir até o Senado para evitar o constrangimento de ouvir mais pedidos para que se afaste do cargo.
Família
José Adriano é apenas mais um dos parentes de Sarney cuja atuação no Senado foi descoberta. A lista também inclui outro neto, duas sobrinhas e uma ex-nora, a maioria contratada por atos secretos. Por enquanto, apenas João Fernando Michels Gonçalves Sarney, de 22 anos, neto do senador, foi demitido. Ele era contratado como secretário parlamentar pelo senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA).
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Interatividade
A série de denúncias contra o Senado seria para atingir Sarney por ser aliado de Lula?
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