O Butão é o primeiro país do mundo a pensar a felicidade como um indicador de orientação para políticas públicas. Espremido entre Índia e China, no Himalaia, o país é o criador da Felicidade Interna Bruta (FIB), baseada em dados de bem-estar, cultura, educação, ecologia, padrão de vida e qualidade de governo. O conceito é do rei Jigme Singya Wangchuck, que disse em 1972 que a FIB butanesa é melhor do que o Produto Interno Bruto (PIB) utilizado no resto do mundo.
Atualmente, porém, o país ocupa apenas o 132º lugar entre 182 nações no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano. O indicador da Organização das Nações Unidas (ONU) leva em consideração riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida e natalidade. O Brasil está em 75º.
Não saiu do papel
Na prática, o FIB ainda não saiu do papel. Na última década, foram realizadas cinco conferências internacionais sobre o índice a última delas em Foz do Iguaçu, no ano passado. A ideia também chamou a atenção da ONU, que passou a patrocinar estudos para viabilizar a aplicação da FIB. As pesquisas, desenvolvidas pelo Centro para Estudos do Butão, também estão sendo realizadas no Brasil, pelo instituto Visão Futuro.
"No ano passado conduzimos um projeto FIB na cidade de Angatuba, no interior do estado de São Paulo, com resultados muito positivos. E agora estão em andamento projetos-piloto em Campinas, em parceria com a Unicamp, em Itapetininga e também em São Paulo capital. Temos uma longa lista de comunidades, municípios, e até empresas, que estão ansiosas por aplicar o FIB, incluindo diversas pessoas da região Norte do Brasil", diz a canadense Susan Andrews, que representa o instituto.
Ela também é favorável à mudança na Constituição discutida no Senado. Para Susan, o debate feito no Brasil é concomitante ao realizado no Reino Unido e na França na busca de outros medidores sociais mais avançados que o PIB. "O presidente da França, Nikolas Sarkozy, convocou uma comissão composta de sete ganhadores de prêmio Nobel em economia para considerar outros indicadores de progresso para o país."