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José Eduardo Dutra, em foto de arquivo, é o preferido de Lula para presidir o PT | Jamil Bittar/Reuters
José Eduardo Dutra, em foto de arquivo, é o preferido de Lula para presidir o PT| Foto: Jamil Bittar/Reuters

Nome preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para presidir o PT, o ex-senador e presidente da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra, deve enfrentar adversários na eleição interna da legenda marcada para novembro.

Dutra recebeu nesta sexta-feira o primeiro apoio público por parte Lula, para quem o candidato será "um baita" presidente do partido.

"Não peçam para eu dar qualquer palpite sobre a presidência do PT porque são mais de oito anos que eu não vou a uma reunião do diretório do PT. Agora, se o José Eduardo quiser ser presidente do PT, será um baita presidente do PT e no dia que eu for votar, pode ficar certo que meu voto é dele", afirmou Lula.

A declaração foi feita em entrevista concedida em Aracaju, capital de Sergipe, onde Lula cumpriu agenda nesta sexta-feira, ao lado de Dutra, que foi senador pelo Estado.

A indicação de Dutra, feita na sexta passada, não conseguiu até agora unir legenda, ao contrário da concordância ensaiada em torno do chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, que mesmo com tendência aglutinadora, não foi liberado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a nova função. Em princípio, as chapas no partido devem ser registradas em julho.

A vantagem de Dutra, segundo a atual direção do PT, é que ele se colocou à disposição do partido após o impedimento de Carvalho.

Um manifesto assinado por 54 dos 78 deputados federais da legenda está circulando com a tese de uma candidatura de consenso, mesmo admitindo que a ideia é "heterodoxa" para a tradição do partido. O deputado José Genoino, ex-presidente do PT, está à frente do movimento.

Dutra, apoiado pela corrente majoritária Construindo Um Novo Brasil, que reúne de Lula às principais lideranças da legenda, não tem o mesmo trânsito no partido que Carvalho e deverá disputar a presidência nacional com petistas do Movimento PT -segunda força da legenda, considerada de centro -, além das esquerdistas Mensagem ao Partido e Articulação de Esquerda.

"Não é o nome dele (Dutra), é a vontade de participar do processo que nos leva a uma candidatura. No PT, o nome da unidade é Dilma. Estamos unidos para fazer Dilma presidente, mas dentro do PT é difícil a síntese", disse à Reuters a deputada Maria do Rosário (RS), da corrente Movimento PT, referindo-se à candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à Presidência.

O grupo define na próxima quinta-feira, em São Paulo, o nome de seu candidato, entre os deputados federais Geraldo Magela (DF), Virgílio Guimarães (MG), além da própria Maria do Rosário. O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (SP), também deve fazer parte da disputa.

Pela Mensagem ao Partido, grupo do ministro Tarso Genro (Justiça), deve concorrer o atual secretário-geral do PT e deputado José Eduardo Cardozo (SP), e, pela Articulação de Esquerda, a deputada Iriny Lopes (ES).

Mesmo que não saiam vencedoras, como em outras disputas, as demais tendências acabam por abocanhar postos na direção partidária. A próxima gestão será estratégica por ter a missão de costurar as alianças para a sucessão presidencial, a primeira sem Lula em 21 anos.

CANDIDATURAS NOS ESTADOS

Se Dilma é consenso, a grande queda-de-braço entre as correntes do partido será na definição das candidaturas aos governos estaduais de 2010.

A atual direção do PT definiu em resolução de maio que vai submeter a escolha das candidaturas regionais às alianças partidárias pró-Dilma. Por esse princípio, o partido terá de abdicar de apresentar nomes nos Estados onde o candidato mais forte for de uma legenda aliada.

Maria do Rosário discorda e acredita que Dilma pode ter dois palanques em alguns Estados.

"Concordo que a prioridade é o projeto nacional, mas é desnecessário que o PT abra mão de ter candidatura nos Estados. Dilma pode ter dois palanques, sem problema", afirmou.

Governadores do partido reunidos nesta semana também saíram em defesa da candidatura própria em Estados administrados por petistas, seja pela reeleição seja por um nome próprio. O PT governa cinco Estados.

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