Sustentado pelo grupo de peemedebistas que apoiam o impeachment da presidente da República Dilma Rousseff, o deputado federal pelo Paraná Osmar Serraglio (PMDB) foi eleito nesta terça-feira (3) para a presidência da principal comissão permanente da Câmara dos Deputados, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Sem força, o líder da bancada do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), aliado da presidente Dilma, acabou acatando o nome de Serraglio para evitar candidatura avulsa. O deputado federal Rodrigo Pacheco (MG), nome preferido de Picciani, ficou com a primeira vice-presidência da CCJ. Um acordo costurado internamente deve levar Pacheco para a cadeira máxima em 2017.
Eleito com o apoio de 43 parlamentares – 7 votaram em branco –, Serraglio é aliado do vice-presidente da República Michel Temer e deve facilitar a vida do correligionário, na hipótese de ele assumir o Executivo. “Sou ex-aluno de mestrado do Temer. Evidente que ele terá um companheiro aqui. O que depender de boa vontade, ele terá aqui”, afirmou ele.
Serraglio nega, contudo, que a sua candidatura represente facilidades ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tenta na CCJ derrubar seu processo em curso no Conselho de Ética. Ele admite ser aliado de Cunha no que se refere à bandeira do impeachment, mas nega proximidade.
Ao mesmo tempo, independente da polêmica, reforça que qualquer decisão final sobre o caso Cunha passará necessariamente pelo plenário da CCJ, e não por ele, que só tem “voto de minerva”. “O que couber à CCJ, eu não titubearei em colocar no plenário. Quem deve decidir é o plenário, não é o presidente”, minimizou ele.
Em um primeiro sinal sobre sua atuação na CCJ, Serraglio disse à imprensa que não vê razão para trocar o relator do caso Cunha, o deputado federal Elmar Nascimento (DEM-BA).
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Leia a matéria completaO parlamentar do DEM já indicou que entende que os recursos de Cunha são extemporâneos e devem ser ou rejeitados ou congelados.
Relator da CPI dos Correios, Serraglio também se agarra ao passado para rebater a desconfiança. Há dez anos, ao apresentar seu relatório, Serraglio acabou poupando o ex-presidente Lula, embora tenha confirmado a existência do “mensalão”. “O que deu credibilidade à CPI do Mensalão? Foi o fato de o relator nunca sair atirando pirotecnicamente, criando fatos, querendo aparecer. Pelo contrário, só se manifestava depois de concretizada as situações”, disse ele.
O currículo também serviu para o paranaense tentar rebater o vínculo com Cunha. Advogado e em seu quinto mandato na Casa, Serraglio lembra que seu nome já tinha sido cotado para a mesma cadeira no começo do ano passado. “Eu construí uma história. É algo que vem derivando. É uma consequência. Aí de repente eu virei presidente da CCJ por causa do Cunha?”, apontou ele. Questionado se sua indicação ao menos passou pela “bênção” do correligionário, Serraglio foi irônico: “Só se ele virou o papa Francisco”.
Nesta terça-feira (3), outras 24 comissões permanentes da Casa definiram comandos. Os colegiados geralmente fecham suas composições no início do ano, mas os trabalhos foram postergados por Cunha, que atrelou as eleições dos grupos ao processo de impeachment da presidente Dilma.
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