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Fábio Ramalho no plenário da Câmara: mineiro tem estilo de “matuto bonachão”. | Nilson Bastian/Câmara dos Deputados
Fábio Ramalho no plenário da Câmara: mineiro tem estilo de “matuto bonachão”.| Foto: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados

Um dos primeiros políticos a chegar na festa de comemoração da reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara dos Deputados, na noite de quinta-feira (2), em um restaurante chique às margens do Lagoa Paranoá, o novo todo-poderoso Fábio Ramalho (PMDB-MG) – eleito para a vice-presidência da Casa – alegrou as rodas de conversas com histórias e causos. Com dois celulares de modelo antigo nas mãos, usados só para ligações e sem internet, “Fabinho Liderança”, como é chamado, diz que “smartphone é trem do capeta” e que não sabe o que é e-mail. A comunicação por e-mail ou WhatsApp é feita por sua secretária.

Suas histórias, porém, giram sempre em torno de comida. Ele confessa que sua vitória se deve aos famosos jantares que oferece toda quarta-feira, no apartamento funcional dele, por onde passam deputados do baixo e do alto clero.

Mineiro do interior

Com o jeitão de mineiro do interior, o deputado se divertiu com o aumento do assédio de políticos e jornalistas e contava histórias em sequência, arrancando gargalhadas dos ouvintes. Contou que sempre faz muita comida, porque tem 18 irmãos e, em sua casa, só se cozinhava em panelas gigantes. As mesmas panelas que ele várias vezes levou ao plenário com pratos da cozinha mineira. “As panelas renderam [a vitória], mas é porque faço com carinho”, disse, admitindo que ganhou os deputados pela barriga.

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Ramalho ficou pouco tempo na festa de Rodrigo Maia. Ele saiu apressado, porque em seu apartamento funcional as panelas já estavam no fogo para a janta que serviria a seus convidados. Diferente do ambiente sofisticado, a “festa da vitória” do segundo homem mais importante no comando da Câmara aconteceu em mesinhas espalhadas pela sala de seu apartamento, ao som da dupla sertaneja Jorge e Mateus, em um vídeo exibido na TV. No lugar de camarões, linguinis, filés e profiteroles com sorvete do cardápio da festa de Rodrigo Maia, pratos de feijão tropeiro, porco assado, linguiça de porco com pimenta e pé de moleque trazidos de Malacacheta.

“Em 2008, o Michel Temer só ganhou a eleição da Câmara porque fiz uns 30 jantares aqui para ele. Era considerado metido e antipático. Eu lhe disse: se você seguir minha cartilha, você ganha (...). Se não fosse eu, ele não ganhava não”, diz Fábio Ramalho.

Gratidão de Temer

Michel Temer é tão grato a Fabinho que o levou em sua primeira viagem como presidente, para a China. Encheu a cozinha do Boeing presidencial com quatro queijos de Minas, quatro goiabadas, farofa e a famosa leitoa a pururuca com acompanhamentos. “Já começamos a comer já logo na saída. Viajei nesse Boeing com Lula, Dilma e Temer. Lula reclamava que eu sujava o avião dele com farofa”, conta o novo vice-presidente da Câmara.

Ex-prefeito de Malacacheta, Fábio Ramalho é uma mistura de matuto bonachão e contador de causos azarão, que tomou o lugar do deputado Lúcio Vieira Lima (BA) e, de mansinho, bem no estilo mineiro, se elegeu para a primeira vice-presidência da Câmara.

À curiosidade dos jornalistas sobre a fama de que, nesses jantares, ele oferecia aos deputados mais do que leitão a pururuca, Fabinho jurava que seus comensais são quase sempre homens. “É mentira! O Zé Múcio foi num jantar lá em casa e quando chegou perguntou: cadê as mulheres? Isso aqui está parecendo quermesse de quartel, só tem homem! Quando inventaram essa história, as moças bonitas eram a [ministra do TCU] Ana Arraes e a [deputada] Jô Moraes”, garantiu Fabinho, rindo muito e dizendo que nunca se casou porque é gordo e passou da idade.

Nas rodinhas de conversa, deputados e senadores faziam suas apostas: o peemedebista terá desempenho menos polêmico que Waldir Maranhão (PP-MA) à frente da Câmara?

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