Atualizado em 14/01/2006 às 23h59
Dois novos desmoronamentos de terra no canteiro de obras da linha 4 do metrô, em Pinheiros, estão prejudicando a retirada de uma van que está sob os escombros. Acredita-se que quatro pessoas estejam no veículo. As informações são do governador José Serra, que esteve no local do acidente neste domingo. O desabamento aconteceu na última sexta-feira, às 15h, na altura do número 7.000 da Marginal Pinheiros. Pelo menos 4 pessoas ficaram feridas e 7 estão desaparecidas. Serra disse que é pouco provável que alguém seja encontrado com vida, mas torce para isso.
Serra informou que foi amarrado um cabo ao veículo, mas os novos deslizamentos de terra impediram a retirada. O túnel por onde os bombeiros trabalhavam está obstruído. O governador disse que não deve haver notícias das vítimas neste domingo. O mais provável é que isso fique para esta segunda-feira. Serra chegou a ver a van por uma imagem de vídeo dos bombeiros. Mas agora, com o novo desmoronamento, a van está encoberta novamente.
No final da noite deste domingo, os trabalhos dos bombeiros pelo túnel foram interrompidos, segundo o governador. Serra disse que é preciso aliviar o peso que está sobre o túnel porque não há condições de trabalho. O risco de novos deslizamentos é grande. O túnel está muito molhado e os soldados trabalhavam com água pelas canelas. Também há gás carbônico.
- Há muitos obstáculos, como concreto, ferro e terra - disse o coronel Minoru, do Corpo de Bombeiros.
- Há muitos imprevistos nos trabalhos dos bombeiros - afirmou Serra.
Os bombeiros avistaram a van na tarde deste domingo. Ela pertence à cooperativa Transcooper e fazia a linha Pinheiros/Casa Verde. No momento do desabamento, acredita-se que o veículo passava pelo local. Agora os bombeiros vão definir uma nova estratégia para chegar ao veículo.
Continuam desaparecidos Reinaldo Aparecido Leite, de 43 anos, o motorista da van; Wescley Adriano Silva, de 22, cobrador da lotação; Márcio Rodrigues Alambert, de 31, funcionário público; Francisco Silvino Torres, de 47 anos, motorista de um dos caminhões que trabalhavam na obra; a aposentada Abigail Rossi de Azevedo, de 75 anos; e a advogada Valéria Marmit, que também pode estar dentro da van soterrada. A identidade do outro suposto passageiro da van ainda não é conhecida.Foto de Lawrence Bodnar - Diário de S.Paulo
As famílias dos desaparecidos aguardam há mais de 48 horas no local. A apreensão é grande e os parentes reclamam da falta de notícias.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, em visita esta tarde ao local do acidente, confirmou que a volta do rodízio de veículos na capital não será antecipada. As pistas da Marginal Pinheiros permanecerão interditadas até segunda-feira. O prefeito espera que elas fiquem bloquedas no máximo até 20h desta segunda. Mas as vias podem ser liberadas antes, se houver condições.
No final do sábado e começo deste domingo, as 56 casas que correm risco de desabar na região começaram a ser demolidas. Além de uma residência condenada com o acidente, parte de um estacionamento também foi demolida. Os moradores da região ainda estudam entrar com ação na Justiça contra o estado e o consórcio de empreiteiras da obra.
Cronograma não será alterado
Segundo o governador José Serra, o acidente não vai alterar o cronograma de obras do Metrô. A previsão de entrega de parte da linha 4 é no primeiro semestre de 2009. O tucano ainda disse que o estado não terá prejuízos, pois todos os gastos com o trabalho de recuperação serão cobertos pelo seguro do consórcio responsável pela obra.
Os trabalhos de estabilização da grua de 50 toneladas que ameaça cair sobre a Marginal do Pinheiros começaram neste sábado e prosseguem neste domingo. Operários colocaram 250 toneladas de contrapeso para evitar que o guindaste caia sobre a Marginal do Pinheiros. O prefeito Gilberto Kassab disse que pode haver queda da grua somente em caso de trepidação, mas afirmou que há um monitoramento do equipamento.
De acordo com o consórcio Via Amarela, que realiza as obras do ramal, as fortes chuvas que caíram na capital paulista entre dezembro e o começo de janeiro podem ter causado o desabamento. O consórcio descartou ainda negligência ou falhas que possam ter causado o acidente. Um engenheiro do consórcio admitiu que o teto da laje cedeu antes do desabamento e havia trincas.
Pelo menos quatro pessoas que trabalhavam no local ficaram feridas com o desabamento do canteiro de obras. O acidente ocorreu na Avenida Nações Unidas, altura do número 7.000, em Pinheiros, na zona oeste da cidade, por volta das 15h de sexta-feira. Ali fica a estação Pinheiros da linha 4, que está em construção. Por causa das interdições, os comerciantes da região alegam prejuízos de 50% . As duas pistas da Marginal Pinheiros, sentido Castello Branco, tiveram de ser interditadas.
As causas do desabamento ainda não estão esclarecidas. A Prefeitura e o Metrô dizem que só vão se pronunciar após os laudos periciais. O governador José Serra, durante visita ao local do acidente, disse que não cabe a ele fazer especulação sobre causas do desabamento. Testemunhas, por outro lado, afirmam que um bloco de concreto pode ter caído de um guindaste. Segundo especialistas, no entanto, o tipo de solo arenoso favorece acidentes. Apesar disso, autoridades do governo estadual garantiram que o túnel que já passa sob o Rio Pinheiros não está comprometido.
Pelo menos 42 famílias foram retiradas de cerca de 56 casas do local. Cerca de 132 pessoas foram alojadas em hotéis. A Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana reforçaram o policiamento na região para evitar roubos às residências.
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