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O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou nesta quarta-feira (17) que o diretor-executivo da Polícia Federal, Romero Menezes, investigado por suspeita de prática de advocacia administrativa e corrupção passiva, não deve voltar a ocupar a posição de número dois da hierarquia do órgão. Segundo ele, o diretor de combate ao crime organizado da PF, Roberto Troncon, ficará na diretoria-executiva temporariamente até que o diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, defina um substituto.

Menezes é investigado por ter favorecido o irmão José Gomes de Menezes Júnior, que também já foi preso na terça-feira (16), dono de uma empresa de serviços gerais e vigilância. A prisão foi um desdobramento da Operação Toque de Midas, realizada pela PF no primeiro semestre deste ano.

"Minha opinião pessoal é que ele não deve voltar. Um inquérito dessa natureza costuma ser demorado e, mesmo que ele seja absolvido depois, ele já teve um desgaste público muito forte que poderia prejudicar suas funções", salientou. O ex-diretor está afastado temporariamente dos quadros da PF.

O ministro relatou que conversou com Menezes quando ele foi solto na noite desta terça-feira (16) e disse a ele que como todo cidadão ele teria o benefício da dúvida, mas alertou que as investigações sobre o caso seriam exemplares. "Eu disse a ele o inquérito seria exemplar e ele seria punido como manda a lei se houvesse comprovação. Ele me disse que eu poderia ficar tranqüilo, porque tinha certeza de sua inocência", revelou o ministro.

Tarso voltou a contestar a prisão do delegado. Disse que o procurador da República do Amapá, Douglas Santos Araújo, não precisava ter determinado a detenção de Menezes. "A prisão não precisava ter sido decretada, porque enquanto ele (Menezes) prestava depoimento todas as diligências determinadas pelo Ministério Público estavam em andamento. Mas tem que se levar em conta que tudo foi feito dentro da legalidade, inclusive a prisão", disse o ministro.

Ele descartou ingressar nesse momento com qualquer representação contra o procurador junto ao Ministério Público para contestar o pedido de prisão. Tarso falou com o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, sobre o caso.

O ministro revelou que dentro da instituição há um sentimento de "insatisfação" com a prisão do delegado que tem mais de 30 anos de casa e gozava de grande prestígio no órgão. "Mas isso não vai afetar o comportamento de qualquer agente na relação com o Ministério Público", salientou.

Segundo o ministro, a prisão de Menezes demonstra também que não há divisão na Polícia Federal, como indicam alguns. "Não são verdadeiras as informações de que há uma guerra na Polícia Federal. Pelo contrário, mostra que há unidade em torno do cumprimento da lei e da legalidade".

O ministro revelou também que soube da investigação e do pedido de prisão do delegado poucos dias antes. O diretor-geral da PF também sabia das investigações com antecedência. Genro ressaltou a capacidade dos dois órgão de manter o segredo.

Imagem da PF

O ministro salientou que esse episódio pode ter dois efeitos sobre a imagem da Polícia Federal. Uma delas ruim, porque a investigação indica que há uma contaminação da instituição, já que ele era o número dois da hierarquia. A outra é boa, porque a PF teria agido exemplarmente ao não proteger ou evitar investigações que envolvessem a sua própria cúpula.

"Pode ter imagem negativa. Temos que ver qual imagem vai predominar. Primeiro porque não há nenhuma instituição em qualquer país democrático que não haja algum grau de contaminação. Na Polícia Federal esse grau tem sido extremamente baixo. Se neste caso houve contaminação, a Polícia Federal demonstrou que não vacila em tomar providê3ncias contra quem quer que seja. Isso deixa claro que a PF não aceita que alguém esteja acima da lei. E acho que é isso que vai ficar. É isso que nós queremos para a Polícia Federal", avaliou.

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