BRASÍLIA - Uma pesquisa do Ministério da Saúde revelou que o número de mortes por arma de fogo foi reduzido em 8,2% em 2004, ano que marcou a campanha do desarmamento do governo federal. É a primeira vez, em 13 anos, que esse índice cai. Enquanto em 2003 foram registradas 39.325 mortes por arma de fogo, em 2004 foram 36.091.
A redução foi verificada em 18 estados. Em números absolutos, o estado em que foi registrada a maior redução foi São Paulo, com 1.960 mortes a menos. O segundo lugar ficou com o Rio de Janeiro, que registrou 672 mortes a menos. Já as maiores variações percentuais foram registradas em Mato Grosso (-20,6%), São Paulo (-19,4%), Sergipe (-17,1%), Pernambuco (-14,5%) e Paraíba (-14,4%).
- Estamos vivendo um momento de crise no país, mas hoje é um dia de grande alegria. Estamos comemorando a poupança de milhares de vida. Estou feliz hoje - disse o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que participou da cerimônia de divulgação do Índice Nacional de Óbitos por Armas de Fogo, ao lado dos ministros da Saúde, Saraiva Felipe, e da Secretaria Geral, Luiz Dulci.
O ministro da Justiça disse não acreditar que a crise política vá prejudicar o referendo, previsto para 23 de outubro, que vai decidir se a comercialização de armas de fogo e de munição no Brasil deve ser proibida. Nesse mesmo termina o prazo para os brasileiros entregarem armas nos postos da Polícia Federal em troca da remuneração financeira. Após esse dia a campanha vai continuar, mas o governo não vai pagar pelas armas entregues.
Para o ministro Saraiva Felipe, o envolvimento da população com a campanha pelo desarmamento teve papel decisivo nos números positivos.
- A conscientização da sociedade vem contribuindo com a redução significativa no número de mortes por armas de fogo, principalmente, como também para a criação de uma cultura de paz no Brasil - disse.
As mortes por arma de fogo vêm atingindo, de 1992 a 2004, especialmente homens jovens (entre 10 e 29 anos) e matando mais do que doenças respiratórias, cardiovasculares, câncer, Aids e acidentes de trânsito.
- É um problema extremamente grave e que atinge uma faixa etária teoricamente muito promissora - lamentou o ministro Saraiva Felipe.
A campanha do desarmamento já recolheu 443 mil armas de fogo desde 15 de julho do ano passado, cinco vezes e meia mais do que a meta inicial, que era de 80 mil armas.