O governador em exercício do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), afirmou nesta quinta-feira que já tem pronta sua carta de renúncia, mas que aguardará o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, ainda sem data marcada, do pedido de intervenção federal no DF para tomar sua decisão.

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Com dificuldades para compor uma coalizão e garantir a governabilidade no período em que está à frente do GDF, Octávio é pressionado por seu partido, que ordenou a todos os filiados que abandonem o governo e também anunciou para a próxima semana a abertura de um processo que pode resultar na expulsão do governador da legenda.

Octávio também enfrenta problemas na Câmara Legislativa, cuja procuradoria deu parecer favorável a quatro pedidos de abertura de processos de impeachment contra ele. Os requerimentos têm ainda de ser analisados pela Comissão de Constituição e Justiça e pelo plenário da Casa.

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Um dos argumentos para ficar no cargo, segundo seu pronunciamento, veio de uma recomendação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem se reuniu nesta manhã.

"Apesar de ter a minha carta-renúncia pronta e já entregue à líder do meu partido na Câmara Legislativa, deputada Eliana Pedrosa, eu aguardo mais alguns dias, como recomendou o presidente Lula, para que possamos ter o quadro das decisões que a Justiça deverá apresentar na próxima semana. Aí sim tomaremos as decisões que forem necessárias", afirmou Octávio no pronunciamento.

"Continuarei a envidar todos os meus esforços para que Brasília não sofra intervenção federal, o que significaria uma derrota para todo o povo brasiliense e fatalmente resultaria na perda de sua autonomia política", acrescentou.

Líder do DEM na Câmara, o deputado Paulo Bornhausen (SC) fez duras críticas ao correligionário. Disse que renúncia é um ato unilateral, mas que Octávio "passou dos limites" e o Democratas não aceitará que ele peça conselhos a Lula.

"O Paulo Octávio acaba de assinar a sua ficha de desfiliação", sublinhou o parlamentar.

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Em sua fala a jornalistas, Octávio repetiu o que já havia dito ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma reunião: quer ser um "facilitador" do processo de superação dos problemas do DF.

Governo federal nega "conselho"

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, no entanto, afirmou que Octávio ouviu do presidente que o governo vai ampliar a auditoria dos recursos repassados pela União ao governo local.

Paulo Octávio assumiu o governo na semana passada, em meio a um escândalo de suposto pagamento de propinas que levou o governador José Roberto Arruda a se licenciar do cargo quando teve sua prisão preventiva decretada. O nome do governador interino também é citado no escândalo. Arruda e deputados distritais aparecem em imagens gravadas recebendo dinheiro.

"O governador Paulo Octávio comunicou ao presidente que está num processo interno de avaliação, conversou obviamente com a sua equipe do GDF, obviamente com a Câmara Legislativa e que pensa... uma das alternativas é a renúncia", contou Padilha a jornalistas depois de participar do encontro entre os dois e antes do pronunciamento.

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"O presidente afirmou que é uma decisão de foro íntimo e disse que neste momento o governo federal aguarda a decisão da Justiça", acrescentou, procurando deixar claro que a resolução de uma possível renúncia cabe a Paulo Octávio.

Arruda foi preso na semana passada por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ), depois de ser acusado de tentar subornar uma testemunha do caso. O STF deve decidir nos próximos dias se mantém a prisão. Julgará também o pedido da Procuradoria-Geral da República de intervenção federal no DF.

Em outro front, Arruda enfrenta um processo de impeachment que foi aberto nesta quinta-feira pela CCJ da Câmara Legislativa. Uma comissão especial foi criada para examinar o caso, que ainda será submetido ao plenário da Casa.