No despacho que determinou a prisão dos executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, o valor atribuído à propina paga pelas duas empreiteiras a dirigentes da Petrobras e operadores de partidos políticos alcança R$ 106 milhões aproximadamente. O valor é extraído dos relatos de delatores sobre depósitos em contas secretas no exterior e até entregas de malas cheias de dinheiro no país.
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Deste montante, os investigadores da Operação Lava Jato somente conseguiram provas documentais de R$ 14,1 milhões ligados a uma offshore controlada supostamente pela Odebrecht e outros R$ 3,1 milhões atribuídos a uma série de operações financeiras que começaram em uma subsidiária da Andrade Gutierrez em Angola e terminaram em uma conta do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco na Suíça.
Dois maiores conglomerados de engenharia do país, a Odebrecht e a Andrade Gutierrez acumularam contratos de R$ 29 bilhões com a Petrobras entre 2004 e 2014 -dos quais R$ 26 bilhões estão sob investigação da Polícia Federal. Na manhã desta sexta-feira (19), um dos delegados estimou que a propina paga pelas duas empreiteiras poderia chegar a R$ 720 milhões.
O cálculo é uma conta apressada que atribui que a todos os contratos o pagamento de uma propina padrão de 3% pelo cartel que agia na Petrobras, mas que é uma conta que não deve ser levada ao pé da letra. Muitos delatores afirmam que o percentual nem sempre era atingido em todos os contratos.
Pedro Barusco, que admitiu ter recebido US$ 97 milhões de todas as empresas do cartel, reclamava que a Odebrecht “era jogo duro” pois não concordava com o pagamento de propinas em determinados contratos.
O percentual de 3% foi o atribuído para determinar o prejuízo de R$ 6,2 bilhões no último balanço da Petrobras. No auge da crise da estatal, entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano, sucessivas reuniões do conselho de administração da Petrobras debateram, sem chegar a uma conclusão, sobre a exata sangria causada pela corrupção.
No final, o percentual de 3% foi determinado como o pior cenário possível para tentar acalmar o mercado. Ao escolher o cenário mais pessimista para os desvios, a companhia agiu para contornar a tensão instalada com os auditores da PricewaterhouseCoopers, que ameaçavam rejeitar ou aprovar com ressalvas o balanço -o que poderia gerar uma corrida de credores da Petrobras e nocautear o preço das ações da companhia.
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