Atualizado em 14/067/06 às 10h10

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As ações criminosas não param em São Paulo. O alvo da noite desta quinta-feira (13) foram caminhões de lixo. O primeiro foi incendiado na Rua Cristóvão de Salamanca, no Conjunto Residencial José Bonifácio. O segundo na Rua Cuiaté, no Jardim São Paulo. A empresa Eco Urbis, dona dos veículos, decidiu suspender as coletas nas zonas sul e leste. O serviço é feito das 19h às 2h e seis milhões de pessoas dependem dele. Na noite de ontem, uma bomba-relógio explodiu no Shopping Aricanduva, mas ninguém ficou ferido.

Na zona norte, mais um ônibus foi queimado durante esta madrugada. O motorista abandonou o veículo em chamas, que perdeu o controle e invadiu uma casa. Por pouco o casal de aposentados que mora no local não se feriu. Em Campinas, o motorista de um ônibus não conseguiu soltar o cinto de segurança e teve 90% do corpo queimado. Ele está internado em estado grave.

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Ônibus nas ruas

Mesmo assim, os ônibus circulam normalmente na manhã desta sexta-feira (14). Na cidade de Bauru, que teve o quinto ônibus queimado na noite desta quinta, o serviço de transporte coletivo foi suspenso.

Em Diadema, não sobrou nada depois do ataque a uma revendedora de carros. Os bandidos subiram um muro de mais de três metros de altura e incendiaram os veículos que estavam no pátio.

Em Piracicaba, dois coquetéis molotov foram atirados contra a casa de um policial militar. Os criminosos também dispararam tiros para o alto. Ninguém se feriu.

Bomba em shopping

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A bomba de fabricação caseira que explodiu no shopping Aricanduva atingiu ainda quatro carros. As primeiras informações são de quequatro homens em duas motos jogaram uma bomba contra a vitrine de uma loja.Dentro do artefato, havia pregos e parafusos, que acabaram atingindo carros e uma filial das Casas Pernambucanas. Foi a primeira vez que um shopping foi alvo de ataques.

Criminosos também feriram a tiros um escrivão na zona sul. Ele foi encaminhado ao pronto-socorro e passa bem.

Lembo pede ajuda

O governador Cláudio Lembo falou pela primeira vez sobre os ataques na noite desta quinta-feira. Ele disse que vai pedir ao ministro Justiça, Márcio Thomaz Bastos, na reunião desta sexta-feira, uma maior participação da polícia federal para ajudar nas investigações e evitar novos casos de violência. Mas ele alertou para o que chamou de "surtos da violência":

- Vamos ter surtos, é inevitável.

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Lembo e o ministro se reúnem nesta sexta-feira em São Paulo. Segundo o ministro, já há uma atuação conjunta e os ataques que estão ocorrendo foram detectados primeiro pelo serviço de inteligência da Polícia Federal da região de Presidente Prudente, onde fica a maioria dos presídios paulistas. Bastos vai oferecer também presença ostensiva das Forças Armadas no estado.

Os ataques ocorreram mesmo depois de o governo anunciar que tropas de elite da Polícia Militar estarão nas ruas para impedir novos atentados. O governo cancelou as folgas e férias de policiais policiais para que eles voltassem ao trabalho. A Rota e a Rocam foram convocadas para operações especiais a partir das 19h. O número de policiais envolvidos não foi divulgado por motivos estratégicos. O governador Cláudio Lembo nomeou mil agentes penitenciários. Durante o dia, o crime organizado deu uma trégua e não foram registrados ataques.

Mesmo assim os paulistanos enfrentaram outro problema: a falta do transporte público. A capital continuou sem ônibus no início da noite. A maior parte das empresas não colocou os coletivos em circulação como determinou o prefeito Gilberto kassab. O jeito foi se espremer em lotações ou até mesmo ir a pé para casa. Os trens da CPTM circularam um pouco mais lotados, mas o Metrô informou que houve até uma diminuição no fluxo de passageiros na volta para casa por causa da falta de ônibus.

Rodízio de veículos

O rodízio de veículos voltou a vigorar nesta sexta-feira. A quinta-feira foi de transtornos para os cidadãos sem os ônibus. Mais de 5 milhões de passageiros foram prejudicados, principalmente nas zonas sul e leste. Muita gente não conseguiu chegar ao trabalho. A cidade ficou 20 horas sem ônibus, pois a a maioria das viações interrompeu o serviço a partir das 20h da quarta-feira. Desde 18h30m de quarta, 30 ônibus foram incenciados. Chegam a 45 os ataques a ônibus desde a madrugada de ontem . No estado, foram mais de 65 coletivos depredados. O rodízio de carros foi suspenso, congestionamento dobrou.

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Balanço dos ataques

Até a tarde de quinta-feira, a secretaria de Segurança Pública divulgou que houve 118 ataques. Pelo menos 65 ônibus foram queimados no estado e 16 agências bancárias e caixas eletrônicos destruídos. Foram presos 8 suspeitos até agora. A SSP reconhece seis mortes ligadas aos ataques. As vítimas, pelos cálculos da secretária são: um policial militar, a irmã dele, três vigilantes de empresas privadas e um guarda civil, assassinado em Cabreúva, no interior do estado. Mas 9 pessoas morreram em ocorrências que podem estar ligadas aos atentados.

Na quarta, uma criança de 2 anos ficou queimada num ataque incendiário a ônibus em São Vicente. Na Vila Madalena, zona oeste da capital, duas mulheres também se queimaram durante ataque incendiário a um ônibus. Os bandidos jogaram uma bomba no ônibus e atingiram carros que estavam perto.

Na avenida Cupecê, na zona sul, um carro invadiu de ré uma agência do Banco Itaú e os criminosos atearam fogo nele. A agência foi destruída e caixas eletrônicos derreteram. Um banco da Rua Itapeva, na região da Avenida Paulista, foi alvejado por tiros.

Motivo

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As autoridades dizem que os ataques foram provocados, de novo, pelo temor de presos de serem transferidos. Desta vez, por causa do rumor de que vários irão para o presídio federal de Catanduvas, na regiâo Oeste do Paraná.

Ordem de ataques

Uma advogada levou a ordem da principal facção criminosa de São Paulo para assassinatos em série de agentes penitenciários no estado. Relatório reservado do Ministério Público estadual, ao qual O GLOBO teve acesso, revela que a ordem foi dada no dia 26 de junho, na cadeia de Getulina, quando a advogada se reuniu com um dos principais chefes da quadrilha.

Em depoimento à Polícia Civil, ela negou ter passado o recado adiante, mas dois dias depois do encontro agentes penitenciários começaram a ser atacados e mortos. Mais de 15 foram assassinados desde então, sem contar os atentados de ontem e anteontem.

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