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A elaboração de uma lista de presos a serem transferidos para a cadeia de segurança máxima federal, no Oeste paranaense, a situação caótica em presídios e a prisão de mais um líder do crime organizado em São Paulo podem estar por trás do recrudescimento dos ataques a São Paulo. Desde a noite desta terça-feira, mais de 70 ataques foram registrados no estado. Foi a pior madrugada em termos de violência desde que os atentados coordenados por uma facção criminosa começaram em São Paulo, em maio.

A secretaria de Administração Penitenciária admite que fez uma reserva técnica de 40 vagas no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. Mas negou a elaboração de uma lista de presos que seriam transferidos para lá. A lista foi divulgada nesta quarta-feira por um jornal de São Paulo. O secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, afirmou que esta pode ser uma das razões para os ataques e negou que a lista exista .

- O nervosismo dos detentos com essa transferência é um dos motivos que podem ter contribuído para desencadear os ataques. Além disso um líder da facção foi preso e as condições nas cadeias estão ruins. Também há muitos detentos que querem privilégios e o estado não dá - diz o ex-secretário Nacional de segurança Pública, José Vicente Filho.

O secretário de Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto, tentou acalmar os presos em entrevista coletiva realizada na Secretaria de Segurança Pública. Ele disse que não vai usar todas as vagas oferecidas em Catanduvas.

- Determinados presos temos interesse de manter aqui para prosseguir no serviço de inteligência. Não há interesse em isolar os presos e nem temos necessidade de fazer listagem e precipitar os acontecimentos - afirmou Ferreira Pinto.

Prisão do BH

Nesta terça-feira, por volta das 20h30, a polícia prendeu Emivaldo da Silva Santos, de 30 anos, que atuava na região do ABC, Grande São Paulo. A prisão de Emivaldo, também conhecido como 'BH', foi realizada no Km 40 da Rodovia dos Imigrantes, no Alto da Serra, quando ele retornava do litoral paulista para São Paulo. Ele é apontado como um dos 'generais' do crime organizado em São Paulo e estava com prisão preventiva decretada. Horas depois de BH ser detido numa operação conjunta das polícias Civil e Militar, os ataques começaram a ocorrer no estado.

As dificuldades que os presos estão enfrentando nas penitenciárias também estão entre os motivos que levaram os criminosos a atacar. Cartazes foram colados em supermercados que sofreram atentados com inscrições contra a 'opressão nos presídios'. Muitas foram destruídas durante as rebeliões de maio passado e os presos dormem ao relento, além de não receber remédios e correspondência enviada pelos familiares.

Araraquara

Na penitenciária de Araraquara, por exemplo, 1.443 presos estão encurralados num espaço de 600 metros quadrados. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), balas de borracha foram disparadas para conter os presos, que iniciaram o tumulto por causa da aproximação de um helicóptero. Mais tarde, 25 presos foram transferidos para outras unidades prisionais do estado, onde há condições de atendimento médico. Outros 117 tinham sido retirados na semana passada.

A penitenciária foi destruída durante a rebelião ocorrida em 16 de junho e os presos foram deixados num único pavilhão, que teve o acesso lacrado pelos funcionários. Comida e medicamentos estavam sendo lançadas por helicóptero. O local tem capacidade para apenas 160 pessoas. A reforma ainda não começou.

Na penitenciária de Casa Branca, dois presos trocaram tiros com guardas de muralha também na segunda-feira e foram feridos. Os detentos foram feridos, mas não correm risco de morrer. Não há informações de como a arma que estava em poder dos presos entrou no presídio.

Itirapina

Nesta terça-feira, 23 detentos da Penitenciária 2 (P-2) de Itirapina foram transferidos. Os 1.254 detentos estão confinados em apenas um pavilhão, que tem capacidade para 390 presos. A unidade tem hoje 135 agentes penitenciários divididos em quatro turnos. Durante uma rebelião no mês passado, toda a estrutura do presídio foi destruída. Os presos quebraram paredes, telhados e atearam fogo em colchões. As reformas estão previstas para começar em 15 dias.

Confira alguns dos nomes da lista

O jornal "Folha de São Paulo" em sua edição desta quarta-feira divulgou alguns dos nomes dos presos que podem ser transferidos:

- Marcos Camacho (Marcola)- Orlando Mota Júnior ( Macarrão)- Claudio R. Carvalho (Paloco)- Anderson de Jesus Parro (Moringa)- Marcelo Moreira Prado (Exu)- Eduardo Lapa dos Santos (Lapa)- Rogério Jeremias de Simone (Gegê do Mangue)- Luiz Henrique Fernandes (LH)- Júlio Cesar Guedes de Moraes (Julinho Carambola)- David Stockel Ulhoa Maluf (Macgaiver)- Alexandre Francisco Sandorf (X)- Valdeci Alves dos Santos (Colorido).

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