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A comissão externa foi formada no último dia 12 para “acompanhar e monitorar os desdobramentos do desastre ambiental em Mariana”. | Antonio Cruz/ Agência Brasil/Fotos Públicas
A comissão externa foi formada no último dia 12 para “acompanhar e monitorar os desdobramentos do desastre ambiental em Mariana”.| Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil/Fotos Públicas

Onze dos dezenove deputados indicados para fazer parte de uma comissão externa para investigar a tragédia no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG) receberam recursos da Vale para suas campanhas. O padrão se repete em outras duas comissões sobre mineração que funcionaram no Congresso. De um total de 49 deputados que participam de comissões envolvendo mineração neste ano, 36 tiveram suas campanhas financiadas por empresas do setor.

A comissão externa foi formada no último dia 12 para “acompanhar e monitorar os desdobramentos do desastre ambiental em Mariana”. Onze membros receberam doações indiretas e diretas da Vale, e outros dois receberam recursos de mineradoras controladas pela companhia. Outros dois parlamentares, ainda, receberam recursos de outras mineradoras. Apenas quatro membros não receberam doações de empresas do setor.

No bolso das mineradoras: confira quem são os deputados e quanto receberam

Dos deputados que receberam dinheiro da Vale, cinco receberam acima de R$ 100 mil. O deputado da comissão que mais recebeu recursos da Vale foi Rodrigo de Castro (PSDB-MG). A companhia doou R$ 200,1 mil, de forma indireta. O parlamentar recebeu R$ 200 mil da Vale Manganês através da direção nacional do PSDB e mais R$ 168 mil da Vale Energia do caixa de campanha de Pimenta da Veiga (PSDB), candidato derrotado ao governo de Minas Gerais. Ele recebeu, ainda, R$ 400 mil de outras empresas do setor.

Outros quatro parlamentares receberam R$ 100 mil. Lelo Coimbra (PMDB-ES) e Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) receberam através dos seus partidos, enquanto Paulo Foletto (PSB-ES) e Givaldo Vieira (PT-ES) receberam doação direta da Vale Manganês. Dos quatro, apenas Foletto não recebeu doações de outras empresas de mineração. Ao todo, a Vale doou R$ 633 mil aos deputados da comissão – sem considerar o valor doado por mineradoras controladas pela empresa.

A Vale divide com uma multinacional, a australiana BHP Billinton, as ações da Samarco, empresa responsável pela barragem que rompeu e inundou de lama parte do pequeno município mineiro. Em tese, a comissão poderia, entre outras coisas, apurar a responsabilidade da empresa sobre o ocorrido. Entretanto, sua composição aponta para outra direção.

Outras comissões

Além da comissão externa de Mariana, outras duas comissões sobre o assunto funcionaram neste ano na Câmara. As duas tratavam do Código da Mineração. A primeira, elaborou um texto prévio e a segunda deve consolidar este texto. Na primeira, 21 dos 27 membros foram financiados por empresas do setor de mineração – 12 deles da Vale. Ao todo, foram doados R$ 6,3 milhões a esses deputados.

A segunda foi instalada recentemente e os partidos ainda não concluíram o processo de nomeação dos membros. Desta, 13 de 20 parlamentares já indicados receberam doações de mineradoras – a grande maioria participou da primeira comissão.

O campeão de doações da bancada da mineração é ninguém menos que o relator do Código da Mineração, Leonardo Quintão (PMDB-MG). Ele recebeu R$ 1,3 milhão de empresas do setor, sendo R$ 700 mil da Vale. Em uma audiência pública, em 2013, ele disse com todas as palavras que é financiado pelas empresas e que não tem “nenhuma vergonha” em defender o setor mineral, desde que “respeitando as leis brasileiras”.

Multa

Ainda na quinta-feira (19), o governo de Minas Gerais multou a Samarco em R$ 112 milhões por danos causados ao meio ambiente. A empresa tem 20 dias para recorrer.

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