As novas denúncias e a suspeita de que o ministro Carlos Lupi (PDT) mentiu no depoimento à Câmara dos Deputados, na semana passada, intensificaram a cobrança da oposição para que ele deixe o Ministério do Trabalho. A oposição também defende a instalação imediata da CPI da Corrupção. Já no Planalto, a falta de explicações consistentes de Lupi sobre as denúncias tem causado irritação a ponto de já haver quem defenda seu afastamento. O grande entrave é o fato de Lupi ser presidente licenciado do PDT e ter ameaçado levar o partido para a oposição no Congresso caso seja demitido.
Os deputados tucanos Antonio Imbassahy (BA) e Cesar Colnago (ES) disseram que a permanência de Lupi no Ministério do Trabalho ficou ainda mais insustentável diante das novas denúncias.
A cobrança pela demissão de Lupi também foi feita ontem pelo presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), e pelo líder do partido na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR). Os dois ainda defenderam a instalação da CPI.
"A história se repete mais uma vez. Precisamos criar logo a CPI da Corrupção para investigar os escândalos que assolam esse governo", disse Bueno. "Para tomarmos as medidas necessárias e buscarmos o dinheiro público desviado. O papel dessa comissão será de contribuir com o país ajudando-o a estabelecer uma nova gestão mais eficiente e menos corrupta."
Já Freire creditou os escândalos do governo federal à presidente Dilma Rousseff. Para ele, não há como dizer que Dilma não é complacente com os esquemas de corrupção que atingem o país. "A convulsão em que se encontra o Ministério do Trabalho é impressionante. Houve até deboche de ministro. Dilma está sendo conivente com tudo isso. Ela é a verdadeira responsável. Queremos investigações. Se estivéssemos em regime parlamentarista a questão já estaria resolvida. Teríamos chamado eleições antecipadas e nomeado um novo governo."
Inconsistência
Já o Planalto considerou "inconsistentes" as explicações de Lupi até agora a respeito do uso de um avião supostamente pago pelo dirigente de uma ONG investigada.
Outra denúncia considerada grave pela cúpula do governo federal e que não teve uma resposta satisfatória foi a de que Lupi permite a ação de lobistas que negociam a emissão de registro sindical dentro do ministério, conforme noticiou ontem a Gazeta do Povo. "O ministério ou o ministro tem de se manifestar", disse um auxiliar da presidente Dilma Rousseff ao lembrar que tráfico de influência é um problema "grave".