A declaração do ex-ministro José Dirceu de que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux prometeu absolvê-lo no processo do mensalão motivou a oposição a levantar suspeitas sobre indicações feitas pela presidente Dilma Rousseff a tribunais.
A promessa, segundo Dirceu contou em entrevista à Folha de S.Paulo e ao UOL, ocorreu no período em que Fux buscava apoio político para a sua indicação pela presidente ao tribunal.
"As declarações do ex-ministro nos levam a pensar que isso pode ser uma das suas razões de sua indicação. A situação é mais grave porque estamos às vésperas da indicação de um novo ministro do Supremo que vai participar desse processo [do mensalão]", afirmou o senador Aécio Neves, que deve ser o candidato do PSDB à Presidência em 2014.
Aécio disse que não acredita nas declarações de Dirceu "por conhecer o ministro Fux e respeitá-lo". Mas afirmou que, se o petista "entendeu desta forma" o diálogo com Fux, a sua posição favorável aos réus do mensalão teria pesado na hora de Dilma escolher seu nome para o Supremo.
"É preciso que não haja qualquer dúvida sobre a indicação do novo ministro", cobrou Aécio.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), afirmou que as declarações de Dirceu comprometem "todo o processo de indicação" de autoridades pela presidente da República. "A Dilma o escolheu [Fux] por estar comprometido com os interesses do José Dirceu? O ex-ministro colocou uma grande interrogação sobre o interesse da presidente nas indicações, que obedecem a um viés", disse Agripino.
Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a "artilharia" de Dirceu contra Fux tem o objetivo de tentar modificar o resultado do julgamento do mensalão, que terá a fase de embargos após os recursos apresentados pelos réus. "Se ele recebeu um assédio tão grande, porque não se manifestou antes? Por que esperou o processo ser concluído para denunciar? Não faz sentido", afirmou.
O tucano disse que Dirceu tem feito uma "série de tentativas" para desqualificar o julgamento, no qual foi condenado a 10 anos e 10 meses de prisão. "São falas que não devemos levar a sério. O Dirceu e os outros condenados estão fazendo isso desde que o julgamento foi concluído. Querem desmerecer os julgadores para tirar a importância da decisão. Ele não tem autoridade para esse tipo de afirmação", afirmou Dias.DefesaLíder do PT no Senado, Wellington Dias (PI) disse que as declarações de Dirceu devem levar o Congresso a "refletir" sobre o processo de escolha das autoridades indicadas pelo governo federal. Pela Constituição, cabe ao Senado sabatinar e aprovar os nomes encaminhados pela presidente da República --mas, na prática, os congressistas acabam por referendar o nome do Palácio do Planalto sem muitos questionamentos.
"Há na declaração do ex-ministro Dirceu uma necessidade de confirmação. Acredito que isso vai fazer com que o Congresso se torne cada vez mais rigoroso nas indicações", afirmou Dias.O petista disse, porém, que a entrevista do petista não coloca as indicações feitas pela presidente Dilma Rousseff em suspeita. "O alerta é apenas para melhorarmos a busca por informações nas sabatinas", afirmou.
DilmaA presidente evitou comentar a declaração feita por Dirceu. Foi Dilma quem escolheu Fux ministro do STF em 2011."A presidente não vai comentar", informou o Planalto na tarde de hoje, depois de ser questionada sobre o peso da promessa de Fux na escolha dele para ingressar no STF.
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