Lideranças da oposição comemoraram a fraqueza do governo na estreia do time de novos ministros, que fracassou no primeiro teste de votação dos vetos bomba por não conseguir colocar em plenário maioria simples, ou 257 deputados, e a sessão do Congresso teve que ser novamente adiada. Os tucanos lamentam que o PMDB tenha se alinhado ao ex-presidente Lula, em troca de ministérios, ficando enfraquecido na articulação de um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. “O dá cá não funcionou”, ironizou o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB).
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), criticou especialmente a articulação do PMDB, que preferiu se aliar ao ex-presidente Lula para tentar dar uma sobrevida a presidente Dilma Rousseff. Dizem que agora o vice-presidente Michel Temer e os grupos governistas do PMDB vão pagar o preço do desgaste de Dilma e do governo. Para os tucanos, Michel Temer fica mais distante de se firmar como alternativa a presidente Dilma.
Delcídio nega derrota do governo
O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), afirmou que a nova sessão para deliberar sobre os vetos da presidente Dilma Rousseff ocorrerá nesta quarta-feira (7), às 11h30. A votação deveria ter ocorrido nesta terça-feira (6), mas não houve quórum suficiente de deputados. Na semana passada, já havia ocorrido um adiamento.
Parte do problema, segundo alguns parlamentares, ocorre porque parlamentares querem levar a PEC da reforma política para votação no Senado. A proposta, que inclui a questão das doações de empresas a campanhas, já foi aprovada em dois turnos na Câmara e está parada no Senado desde agosto. O Supremo Tribunal Federal já declarou inconstitucional o financiamento empresarial de campanhas.
Segundo Delcídio, parte dos deputados faltosos à sessão afirmou que o horário não foi apropriado. “Agora, amanhã não tem escapatória, veremos quem tem garrafa para botar na mesa. Meu negócio é o Senado, ele deu quórum e está muito sereno sobre essa questão dos vetos”, disse, após sair de uma reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “A própria oposição no Senado tem noção da importância desses vetos para o País. Agora, acho que a Câmara tem de responder, até em função dessa reforma (ministerial) feita na semana passada”, afirmou.
“O PMDB, ao se aliar ao ex-presidente Lula na captura do governo para se fortalecer, perdeu a oportunidade extraordinária de liderar um projeto de Brasil. Parafraseando o senador Romero Jucá, o PMDB optou por ocupar uma suíte de luxo no Titanic”, lamentou Aécio.
Sobre o fracasso do governo na tentativa de mostrar força hoje na votação dos vetos, Aécio disse que o que aconteceu hoje é o maior exemplo de que a presidente Dilma tem que cair na real de que não dá para liderar a saída de uma crise como a que o Brasil enfrenta, sem credibilidade e confiança, apostando no fisiologismo.
“A presidente Dilma deixou de lado o que mais deveria valorizar, desprezou o sentimento da sociedade ao submeter seu governo aos interesses de grupos. Isso nunca deu certo. Ela perdeu o essencial, jogou fora o restinho de credibilidade que ainda tinha”, disse Aécio. “ Esses arranjos fisiológicos nunca funcionam. O governo não cabe mais gente, não dá para acomodar os três PMDBs. O próximo passo de Lula, agora, é tentar derrubar o ministro Joaquim Levy, que ele culpa para recessão”, completou o senador Tasso Jereissati.
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse que é uma “desmoralização completa do governo” o cancelamento da sessão do Congresso. “A não votação comprovou a desmoralização completa desse governo. Mesmo transformando a Esplanada dos Ministérios em balcão de negócios, um verdadeiro toma lá dá cá, Dilma não conseguiu um quórum para votar os vetos. É o agravamento do quadro, é uma situação de ingovernabilidade”, disse Caiado.
A sessão da Câmara iniciou um minuto depois que a sessão do Congresso foi encerrada por falta de quorum. “Nem a base do governo quer se indispor com a população e assumir o desgaste de um governo como esse”, afirmou Caiado.
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