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A oposição e até partidos da base aliada criticaram nesta quinta-feira (4) a indefinição do governo Dilma Rousseff de levar adiante a proposta de fazer um plebiscito para alterar as regras do sistema político para as próximas eleições. O vice-presidente Michel Temer disse que é "temporalmente impossível" fazer essas mudanças, quatro horas depois, recuou da posição e, em nota, disse que o "governo mantém a posição de que o ideal é a realização do plebiscito em data que altere o sistema político-eleitoral já nas eleições de 2014".

"Nunca senti firmeza na manifestação do Temer e queria que ele tivesse mantido a posição que os líderes interpretaram", afirmou o presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN), sobre o encontro do vice-presidente com ministros e líderes partidários da base aliada do Congresso nesta quinta-feira, em que, inicialmente, ficou clara a impossibilidade de aprovar a matéria. "A Dilma quis sintonizar-se com a rua com uma proposta que traduz uma ilegalidade", criticou.

Integrante de legenda da base aliada, o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), classificou como impressionante o "nível de improvisação" da administração federal. "Estamos percebendo a fragilidade das ações do governo", afirmou. De acordo com Rollemberg, entusiasta da candidatura presidencial do governador de Pernambuco e presidente nacional da sigla, Eduardo Campos, o debate sobre a realização do plebiscito não está em sintonia com os anseios manifestados pela população nos protestos que tomaram conta das cidades nas últimas semanas. Segundo o líder do PSB no Senado, qualquer cidadão "bom senso" sabe que é "impossível" realizar a consulta popular a fim de reformar o sistema político-eleitoral para as eleições de 2014.

Antes do recuo do Poder Executivo, o presidente nacional do PSDB senador Aécio Neves (MG), havia classificado como um "engodo" a proposta de levar adiante o plebiscito. "Era um engodo, era uma forma de desviar a atenção da população das questões centrais. O governo erra muito e quem perde é a população brasileira", criticou.

Conforme Aécio, a proposta de realização de uma assembleia constituinte exclusiva para fazer a reforma política não durou 24 horas, mesmo Dilma sabendo, na análise dele, que seria "inviável" de ser efetuada. "Quando ela mandou a proposta de plebiscito sobre um tema tão complexo, sabia que era inviável", completou.

Pela manhã, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), chegou a sinalizar apoio ao referendo após o Legislativo, eventualmente, aprovar uma reforma política. "Se houver dificuldade para aprovação do plebiscito na Câmara dos Deputados, é obvio que, a partir daí, todo mundo vai tentar construir uma alternativa para votar a reforma e, em votando, há um clamor para ouvir a sociedade. Na medida em que se vota a reforma e quer ouvir a sociedade, a única maneira de fazê-lo é o referendo", disse. Embora tenha admitido antes do recuo do Executivo que não havia tempo hábil para aprovar o plebiscito, o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), afirmou no fim do dia que é preciso persistir na reforma. "Só saberemos tentando, não podemos desistir de tentar", afirmou.

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