As declarações emocionadas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram recebidas no Congresso com preocupação, e uma certa dose de ironia. Mas houve também elogios, até mesmo da oposição.

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- Pelo menos ele não vai se suicidar. Já é um avanço! Esse foi um discurso mais equilibrado do presidente, sem previsões de caos e sem colocar a culpa nos outros - disse o senador José Jorge (PFL-PE).

Para o líder do PMDB, senador Ney Suassuna (PB), o presidente fez um desabafo. O senador lembrou que Lula vive sob forte tensão há mais de 100 dias e que antes da crise só recebia elogios.

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- Agora, são só críticas e críticas. Foi um desabafo equilibrado. Deu indicativos de que terá paciência e que espera o reconhecimento que teve um JK, que foi muito atacado mas hoje é um exemplo - comparou Suassuna, com um conselho a Lula:

- O presidente vai mesmo precisar de paciência, porque com a concorrência acirrada entre as CPIs e com a possibilidade de bombas que já estão com o estopim aceso estourarem, vamos ter alguns conflitos grandes.

O líder do PFL, senador Agripino Maia (RN), foi crítico:

- Enquanto o presidente não reconhecer que há uma crise monumental e que está atolado, enquanto não parar de desafiar a oposição e enquanto fizer discursos inconseqüentes não haverá clima para entendimento nem para pactuar uma transição. As pessoas devem olhar zangadas para ele. Querem vê-lo no mínimo preocupado.

O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), afirmou que o presidente, ao falar cotidianamente, tira a majestade do cargo. Com o discurso desta quinta-feira, disse o tucano, o presidente revela um estado "psicológico preocupante":

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- Ele fala de um suicídio que não desejamos, de uma renúncia que não cobramos, e de uma deposição que jamais passaria pela nossa cabeça. Além disso, ele se compara a JK, que fez Brasília enquanto ele inaugura e distribui ambulâncias.

Para Virgílio, Lula também tentou se descolar do PT:

- Já viu nas pesquisas que Lula é PT e PT é Lula, não vai apagar o passado.

O tucano, com ironia, deu razão ao presidente quando ele diz que há muito veneno na crise:

- Bote veneno nisso: Zé Dirceu, Delúbio, Silvinho, Marcos Valério, Duda Mendonça, mensalão, Buratti! É um Butantã inteiro.

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