Embora deputados oposicionistas defendam a saída de Severino Cavalcanti (PP-PE) da presidência da Câmara, ainda não há consenso sobre como se daria a substituição dele. Unidos na oposição ao governo, PFL e PSDB divergem sobre o assunto. Os tucanos defendem o afastamento de Severino e a convocação imediata de eleição para o cargo. O PFL prefere o afastamento temporário para que o primeiro vice-presidente José Thomaz Nonô (PFL-AL) fique no cargo por pelo menos 120 dias. Enquanto isso, nomes de deputados já estão sendo lançados.
Já o corregedor da Câmara, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), saiu nesta quinta-feira em defesa de Severino, mandando um recado para os que estão de olho no lugar de seu aliado político. Ciro disse que é muito cedo para se falar em sucessão e que quem lançar sua candidatura agora não vencerá a disputa. Ciro Nogueira disse ainda que Severino será ouvido pela Comissão de Sindicância da Corregedoria na semana que vem.
- Esse pessoal está brincando se discutir isso nesse momento. Pelo que conheço dessa Casa, vocês vão ver o que vai acontecer com quem se colocar como candidato agora à sucessão dele no plenário - afirmou Ciro, em tom de ameaça.
Indagado sobre o que poderia acontecer com quem se lançasse agora à sucessão de Severino, Ciro limitou-se a responder:
- Não ganha.
O deputado oposicionista Raul Jungmann (PPS-PE) defende a saída de Severino, mas acredita que a permanência de Nonô no comando da Câmara é ruim.
- Sou frontalmente contrário a isso. O limite da solução da crise é a solução. Defendo uma nova eleição para a presidência cinco sessões após a saída de Severino. Não creio que o PFL vá insistir nessa tática, porque paralisaria a Câmara por 120 dias. O governo não toparia e passaria a obstruir as votações. É trocar seis por meia dúzia.
O deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) citou na terça-feira que o ideal seria um deputado do PT com bom trânsito na oposição:
- Tanto Sigmaringa Seixas (PT-DF) quanto José Eduardo Cardozo (PT-SP) seriam boas escolhas - disse o tucano.
O PPS prefere um não-petista, mas admite dificuldades porque os demais partidos que compõem a base governista também estão envolvidos nas denúncias de corrupção. As exceções são o PSB, que poderia lançar Eduardo Campos (PE), e o PCdoB, de Aldo Rebelo (SP).
Sobre um possível pedido de afastamento feito pelo próprio Severino, o corregedor da Câmara disse que é preciso respeitar o regimento, que dá ao presidente da Câmara o direito de tomar essa decisão.
- É uma decisão pessoal do presidente, só ele pode tomar essa decisão - afirmou.
Sobre as várias versões dadas por Severino para a assinatura de um contrato com o restaurante Fiorella, que tem a concessão da Câmara dos Deputados, Ciro Nogueira disse que vai valer a versão oficial. Segundo ele, Severino não reconheceu o documento, que será enviado para análise. O corregedor acredita que até o fim da semana que vem a Corregedoria já terá uma decisão sobre o caso.