O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), apresentou requerimento nesta segunda-feira convocando o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para falar no plenário do Senado sobre a quebra ilegal de sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa, que resultou na queda do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O PPS também apresentou requerimento na Mesa da Câmara para ouvir Bastos. Os requerimentos precisam ser aprovados agora pelo plenário.

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Em visita ao Rio, o ministro defendeu seus assessores - Daniel Goldberg (secretário de Direito Econômico) e Cláudio Alencar (chefe-de-gabinete) - e afirmou ter tomado conhecimento dos depósitos feitos na conta do caseiro através da imprensa. Segundo ele, a investigação da Polícia Federal está adiantada e em fase de conclusão e não há motivos para ele ser convocado a prestar depoimento.

Bastos disse ainda que a presença de seus assessores na casa de Palocci não configurou nenhum ato ilícito. Para ele, os dois funcionários, Daniel Goldberg e Cláudio Alencar, apenas foram questionados por Palocci se haveria a possibilidade de investigar se o caseiro foi subornado.

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- Eles foram lá e receberam um pedido que não pode ser atendido. Eles não assistiram a nenhuma quebra de sigilo, a nenhum vazamento - disse Bastos.

Em defesa do governo, a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), e o senador Tião Viana (PT-AC) lembraram que dois assessores do Ministério da Justiça já prestaram depoimento voluntariamente na Polícia Federal sobre o caso.

O presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PB), afirmou que a comissão deverá investigar, no momento oportuno, a participação de Bastos e de seus assessores no episódio. Efraim disse não acreditar que os dois subordinados ao ministro teriam condições de investigar o caseiro sem autorização de Bastos.

O ministro das Relações Institucionais e novo coordenador político do governo, Tarso Genro, saiu em defesa de Bastos e disse que há integral confiança do governo no ministro . Segundo ele, a oposição não tem fundamentação para querer implicar Bastos no episódio da quebra ilegal do sigilo do caseiro e está se valendo de motivação político-eleitoral.

- Não há nenhuma preocupação do governo em relação a isso. Há integral confiança no seu ministro da Justiça - afirmou Tarso.

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A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o vice-presidente da República, José Alencar, também apoiaram o ministro da Justiça . Para Dilma, a crise que levou à queda de Antonio Palocci não atingirá Thomaz Bastos.

- De jeito nenhum (a crise pode chegar a Bastos). Essa crise está absolutamente esclarecida.

A PF informou que já tem elementos necessários para indiciar Palocci por violação de sigilo depois de ouvir os depoimentos, voluntários, do secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, Daniel Goldberg, e do chefe de gabinete do ministro Márcio Thomaz Bastos, Cláudio Alencar.

Goldberg confirmou que esteve na casa de Palocci na noite do dia 16 de março e que presenciou a chegada do ex-presidente da Caixa Jorge Mattoso à casa. Disse que Palocci lhe perguntou se era possível a PF investigar o caseiro com base em boatos de que ele teria movimentação financeira atípica. Goldberg e Alencar relataram à PF que, depois de averiguar os procedimentos com um delegado federal, informaram a Palocci, no dia seguinte, que não havia nada contra Nildo e que a PF não tinha como investigá-lo. À noite, contaram a Thomaz Bastos do teor da conversa.

O escândalo da quebra do sigilo do caseiro começou no dia 16, quando Palocci se reuniu com Mattoso. Depois, o então presidente da CEF pediu aos funcionários do banco que emitissem o extrato, recebeu o documento de volta e foi até a casa de Palocci para lhe entregar os dados bancários do caseiro.

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Para fontes próximas da investigação, Palocci assediou Goldberg para participar da operação contra Nildo. No dia 17, a revista "Época" divulgou em seu site o extrato do caseiro, apontando que ele recebera R$ 25 mil, depositados por um suposto pai biológico. No domingo, dia 19, o ministro Márcio Thomaz Bastos determinou ao diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, que abrisse inquérito sobre a violação de sigilo.