A menos de 24 horas do início da discussão do relatório do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) na CPI dos Correios, ainda não há acordo entre governistas e oposicionistas para votação da matéria. Segundo o sub-relator de Fundos de Pensão, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), os governistas "não mostraram nenhuma disposição para o diálogo".
- Ao contrário, foi tomada uma posição de bancada pela apresentação de um relatório substitutivo ao apresentado pelo relator - disse ele.
De acordo com o deputado, o PFL, o PSDB e os demais partidos de oposição deverão apoiar o relatório de Serraglio. Magalhães acredita que todos fechem em bloco o apoio ao relatório, uma vez que, pela decisão do presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), não cabe apresentar destaques e emendas. O parlamentar baiano não descarta a possibilidade de a oposição criar uma CPI no Senado para dar prosseguimentos às investigações que não puderam ser concluídas pela CPI dos Correios.
Magalhães ressaltou, entretanto, que "nada pode, nem deve ser feito até o fim desta semana", que ficará por conta da conclusão dos trabalhos da CPMI dos Correios. Ele disse que algumas pessoas defendem, inclusive, que não seja realizada a reunião desta terça-feira da CPI para que se ganhe mais um dia de negociação.
- Eu sou contra. O que não se conseguiu fazer em cinco dias não vai se fazer em poucas horas - disse.
O deputado considera inviável a negociação de pontos colocados pela bancada do PT de mudanças no relatório de Serraglio. Entre eles, estão alterações no capítulo que diz respeito ao chamado mensalão, que seria o pagamento de dinheiro a deputados para que votassem a favor de matérias importantes para o governo.
- O capítulo do mensalão é o coração do texto. É o ponto mais incisivo do relator - afirmou Magalhães.
Os partidos da base aliada querem retirar do texto de Serraglio a vinculação do recebimento de recursos do empresário Marcos Valério de Souza por parlamentares à condição de serem votadas matérias de interesse do governo.
- Essa questão não é de periodicidade, mas de condicionalidade, não há provas sobre isso - afirmou o sub-relator Maurício Rands (PT-PE).
Segundo Rands, ainda nesta segunda-feira, os parlamentares da base governista devem conversar com Serraglio para tentar evoluir nas alterações propostas.
Caso as conversas não evoluam, Rands disse que o relatório será decidido no voto, com a apresentação do substitutivo pelos governistas. Nas contas do sub-relator, a base governista teria os 16 votos necessários para derrubar o relatório de Serraglio e aprovar o texto do substitutivo.