O ex-senador pelo Paraná Osmar Dias (PDT), que ocupa a vice-presidência da área da agricultura no Banco do Brasil, disse que a questão do impeachment da presidente da República Dilma Rousseff “já está muito politizada” e que qualquer explicação técnica que se queira dar sobre o objeto da denúncia contra a petista “não será ouvida”. “Ninguém está interessado, tenho certeza”, afirmou ele, em entrevista à Gazeta do Povo na manhã desta quinta-feira (28).
Alegando ainda que o Banco do Brasil não poderia se envolver em “questões políticas”, Dias afirmou que não pretende ir à comissão especial do impeachment do Senado, como desejavam aliados da presidente Dilma. Sem citar nomes, ele ainda alfinetou articuladores da convocação. “É um equívoco e uma irresponsabilidade envolver o Banco do Brasil nessa história, seja por interesse pessoal ou político. Precisamos analisar muito bem as intenções de quem convida, a sinceridade do convite”, criticou ele.
Na quarta-feira (27), a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi quem trabalhou para aprovar a ida de um representante do BB à comissão do impeachment para esclarecer o contrato do Plano Safra e sugeriu o nome de Dias, já que o pedetista comanda a área de agricultura. “A única questão envolvendo pedalada fiscal que está na denúncia hoje é exatamente a operação de crédito referente ao Plano Safra, operacionalizado pelo Banco do Brasil. Portanto, eu, particularmente, acharia muito importante termos nesta Casa o ex-senador Osmar Dias”, disse a senadora.
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Na mesma reunião, o senador Alvaro Dias (PV-PR), que é irmão de Osmar e a favor do impeachment, protestou contra o convite, justificando que o BB estaria “acima dos governos” e não poderia ser envolvido no assunto. À reportagem, Osmar elogiou o argumento do irmão. “O ministro da Fazenda pode dar as explicações técnicas necessárias e ele pode até falar sobre as duas coisas [as questões técnicas e políticas]. Eu estou há cinco anos no Banco do Brasil exercendo um cargo técnico. Em respeito ao Banco do Brasil, não falo de política há cinco anos. Não seria agora. Sou dispensável nessa história”, afirmou ele.
Nas eleições de 2010, Osmar Dias disputou o governo do Paraná com o apoio do PT. Ele assumiu o cargo no Banco do Brasil após a derrota para o PSDB de Beto Richa – e também do irmão Alvaro, na época.
Filiado ao PDT, sigla que majoritariamente votou contra o impeachment na Câmara dos Deputados, se mantendo na base aliada do governo Dilma, Dias diz que não tem “planos a curto prazo” quando questionado sobre seu cargo no BB, diante da possibilidade de mudanças, via eventual governo Temer. “Eu acho que já tenho um legado importante, construído de forma conjunta. Aliás, uma das coisas que aprendi aqui é justamente o trabalho em equipe, que assume conjuntamente tanto o sucesso quanto o fracasso, e acho que isso deveria ser levado para o Poder Público”, alfinetou ele.
“O banco não perdeu um centavo”
Questionado sobre os contratos dos bancos públicos com a União, principal objeto do impeachment, o ex-senador Osmar Dias disse à Gazeta do Povo que o atraso do governo federal nos repasses ao Banco do Brasil (as chamadas “pedaladas fiscais”) acontece desde 2000, primeiro ano de vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ele acrescenta ainda que, em 2015, quando o governo Dilma atrasou o pagamento relativo ao Plano Safra, o Banco do Brasil “jamais poderia ter interrompido o subsídio à agricultura”. “Foi um gesto de responsabilidade. E o Banco do Brasil não perdeu um centavo com o atraso. Pelo contrário, depois recebeu com correção de taxa Selic, o que é uma bela correção”, afirmou ele.
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