A Ouvidoria da Polícia Militar investiga a atuação de grupos de extermínio em São Paulo, que teriam se aproveitado da onda de violência em São Paulo para atacar. Pelo menos 12 mortes ocorridas na semana passada não foram assumidas pelos policiais. O ouvidor Antônio Funari Filho disse que há uma grande chance desses grupos terem se aproveitado da confusão para matar aleatoriamente. Funari já enviou à Corregedoria um pedido de investigação dos assassinados que ocorreram na cidade de São Paulo.

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"Todos os casos nos preocupam, mas os de autoria desconhecida, aqueles que não foram assumidos pelos policiais ou por qualquer outra pessoa, nos deixam mais apreensivos. Se há um boletim de ocorrência atestando a morte por meio de um confronto com a polícia, menos mal. O problema é quando não se sabe o autor dos assassinatos", disse Funari.

Além dos 12 mortos, três pessoas ficaram feridas em cinco ocorrências registradas na capital. Em todos os casos, a situação foi parecida. Homens com tocas ninja atacaram pessoas aparentemente sem nenhuma ligação com o crime organizado. Na maior parte, os crimes ocorreram à noite. Os bandidos chegaram de repente e atacaram pessoas desprevenidas, que estavam conversando na rua. Em alguns casos, as pessoas assassinadas nem tinham passagem pela polícia, segundo o ouvidor.

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"Testemunhas disseram que as pessoas foram mortas por bandidos com tocas ninja. Há a possibilidade dessas pessoas estarem ligadas a grupos de extermínio, de vingança. Grupos paralelos podem ter surgido. O trabalho de apuração das mortes tem que ser feito rapidamente porque todo mundo sabe que algumas provas costumam sumir. Quanto mais demorar pior", disse o ouvidor da polícia.

Casos

Um dos casos é o do motorista Ricardo Flausino, de 22 anos, morto no bairro do Jaçanã, na zona norte da capital, na última segunda-feira. Flausino recebeu um telefonema da noiva, pedindo a ele que fosse esperá-la na volta ao trabalho porque ela estava assustada com a onda de violência.

Quando estava se dirigindo ao ponto de ônibus, Flausino foi alvejado por vários tiros disparados por homens encapuzados, disseram testemunhas. Uma amiga de Flausino, que o conhecia há 16 anos, diz que ele nunca teve envolvimento com o crime organizado. Ele trabalhava atualmente como motorista numa fábrica de bolsas e preparava-se para casar no dia 8 de julho.

"Só queremos Justiça. Ele não teve nenhuma chance de defesa", diz a amiga, que prefere não se identificar com medo de represálias.

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O cabeleireiro Lindomar da Silva, de 29 anos, também foi assassinado nas mesmas circunstâncias, em São Mateus, na zona leste. De acordo com Funari, houve ainda mortes com autoria desconhecida no Parque São Rafael, no Parque Bristol e em Guarulhos.

"A Ouvidoria pede para que todos que tenham informações sobre alguma dessas mortes nos telefonem, nos mandem emails falando do que viram. Ainda não tivemos informações suficientes, apesar de já termos encaminhado os casos para a Corregedoria", disse o ouvidor da polícia.

Mortes encomendadas

Segundo ele, as ações dos grupos de extermínio diminuíram nos últimos anos. Funari explicou que as mortes encomendadas vinham ocorrendo mais entre os traficantes que tinham contas a receber dos consumidores de drogas.

"Há vários casos estranhos e o fato de nenhuma lista com, nomes dos mortos ter sido apresentada gera suspeitas", diz Ariel de Castro, coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos.

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Para ele, isso é um indício de que grupos de extermínio podem ter atuado nestes episódios.

"A secretaria estadual de Segurança Pública perdeu o controle da situação, o que deu espaço para que surgissem mini-grupos de extermínio", diz Paulo Sérgio Sampaio, de um movimento cristão de direitos humanos.

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